terça-feira, 31 de março de 2009

CUCA DA UNE

XIX Nossas Expressões marca inauguração do CUCA em Santa Maria/RS

Terminou neste domingo dia 29 de março em grande estilo o Festival Nossas Expressões, promovido pelo Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Com shows musicais, peças de teatro, exposições, oficinas e debates em torno do tema "Cultura pra Quê(m)?", a 19ª edição do projeto marcou a inauguração na UFSM de um Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), da União Nacional dos Estudantes (UNE).



O domingo de encerramento do Festival se deu em grande estilo, tendo como local o Parque Itaimbé. A unidade da diversidade marcou as atrações do Nossas Expresões. Estilos variados de expressão - punk, blues, música clássica, reggae, grunge, teatro, percussão, hip hop,dança árabe, dança de rua - pisram o mesmo palco, atraindo tribos e galeras diferentes que coexistiram o mesmo lugar sem qualquer atrito registrado. "Não precisamos de policiamento" comentou Andressa, estudante de Artes Visuais e uma das organizadoras do Festival e do CUCA da UFSM. "A galera coexistiu numa boa, respeitou o tempo de apresentação e possibilitou um espetáculo de diversidade", comemora.

O clima dos organizadores ao final do evento era mesmo de entusiasmo e euforia, apesar de muito cansaço. "Dormimos muito pouco nos últimos dias, mas valeu a pena. O que a gente construiu no Nossas Expressões pretendemos dar continuidade com o CUCA. A ideia é de colocar lado a lado expressões artísticas acadêmicas e não-acadêmicas, para criar juntos mecanismos de fortalecimento da produção da cultura local" ressalta Matias Rempel, estudante de História e organizador do evento. Para se increver no Festival, havia uma exigência de que houvesse pelo menos 70% de produções de autoria própria. "Queríamos dar evidências às produções locais mesmo, e não estimular covers de sucessos comerciais" explica Mary Kauffmann, estudante de Engenharia Florestal e uma das coordenadoras do DCE.

Um dos pontos altos do Festival foi a visita na UFSM de índios guarani e kaingáng. Além de proporcionarem um espetáculo de dança indígena, as tribos participaram de um grupo de discussão sobre a cultura indígena, dentro da discussão sobre as cotas sociais, que proporcionam cinco vagas para índios. "A presença massiva de indígenas no campus foi um choque para muitos estudantes. Um choque positivo, que serviu para mostrar que a raça indígena, assim como a negra, estão sub-representadas na Universidade", ressalta Luciele Fagundes, estudante de geografia e integrante do DCE.

INAUGURAÇÃO DO CUCA
Regado a vinho, cuca italiana, risos e debates, rolou a inauguração do Centro Universitário de Cultura e Arte da UNE na UFSM. O espaço destinado ao CUCA fica na Casa do Estudante Universitário I, na Rua Prof. Braga, mesmo espaço onde ocorre a já tradicional boate do DCE. O evento de inauguração aconteceu no sábado, dia 28 de março, e contou com a presença de Alemão Naumild, um dos responsáveis pela realização do CUCA no RS. Naumild apresentou o CUCA, contou um pouco de sua história, e de seus propósitos. "É um marco a gente estar inaugurando um CUCA aqui numa Casa de Estudante, pois a história da UNE se confunde com a história das casas de estudante", ressalta Alemão. "Acho que Santa Maria tem muito a contribuir com o CUCA, e o CUCA tem muito a contribuir com Santa Maria. Acho que o XIX Nossas Expressões teve muito do espírito do CUCA, que é articular expressões culturais de dentro e de fora da universidade, procurando promover a cultura popular, que está sempre na luta por espaço", avalia Naumild, que fez questão de ficar para conhecer a boate do DCE e para o evento de encerramento do Festival, que ocorreria domingo. "Vamos conhecer a festa dos estudantes daqui", sorri Alemão.

A coordenação do CUCA na UFSM fica a cargo das estudantes de Artes Visuais Andressa e Andressa Crossetti, e do estudante de história Matias Rempel. "Queremos ampliar essa energia que rolou no Festival e articular com os outros CUCAs do país", resume Andressa Crossetti. Sucesso e vida longa ao CUCA Santa Maria!

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sexta-feira, 13 de março de 2009

Rádios Comunitárias

Rádio Perifa (89.3 FM): Aqui os manos e as minas têm voz!


A Rádio Nova Santa Marta(89.3 FM), de Santa Maria/RS é comunitária como tantas que existem. Irradia as expressões da gente humilde de uma das maiores ocupações urbanas do país. O programa Rádio Perifa, dos rappers Magrão e MC Borracha, procura ser a voz dos manos e das minas da periferia, todos os domingos, das 18 às 19h.



Na foto, MC Borracha (ao centro) e Magrão (à dir.), apresentadores do Rádio Perifa, do 89.3 FM de Santa Maria/RS



Acabei de conversar por telefone com os rappers MC Borracha e Magrão, que tem um grupo de rap intitulado “Guerrilheiros da Perifa”. Eles são do Alto da Boa Vista, uma das sete vilas que compõem o Bairro Nova Santa Marta, em Santa Maria/RS.



Eles estão muito animados com o Programa de rádio que estão fazendo na Rádio Nova Santa Marta (89.3 FM). O programa é exibido ao vivo todos os domingos, das 18 às 19h. “Nas rádios comerciais não toca rap nem funk, mas aqui os manos e as minas têm voz”, garantem os organizadores do programa. A idéia do programa é valorizar as produções das pessoas da periferia.



Segundo Borracha e Magrão, o Rap é uma manifestação da periferia que ainda é muito criminalizada pela grande mídia. A idéia de que “rap é coisa de bandido” ainda é dominante. Na Rádio Perifa, a idéia é mostrar a verdadeira cara do rap. Sobre a mídia burguesa que ainda trata o rap como coisa de bandido, Borracha e Magrão disparam o verbo: “se ser bandido é lutar pelo povo e família e pelo direito de viver com dignidade e acima de tudo igualdade, então vocês podem nos considerar os maiores bandidos de Santa Maria”.





Mais democracia para as rádios comunitárias

No Fórum Social Mundial, que ocorreu recentemente em Belém, o governo Lula prometeu a realização de uma Conferência Nacional de Comunicação. Já estava mais do que na hora. É preciso construir uma outra política de comunicação que garanta espaço para as rádios comunitárias. Hoje em dia, elas são muito perseguidas e tratadas como criminosas.

segunda-feira, 9 de março de 2009

8 de março: Dia Internacional das Mulheres



MUITO A CONQUISTAR*

por Luciele Alves Fagundes**






A Lei Maria da Penha é uma política pública de Estado que vem para enfrentar a violência doméstica contra as mulheres brasileiras. É o primeiro passo, pois muitas vítimas ainda têm medo ou receio de denunciar familiares.



Na foto de 2006, Maria da Penha, Ellen Gracie e Lula, na sanção da lei.





Nós, mulheres, podemos dizer que obtivemos muitas conquistas nos últimos tempos, o que nos dá muitos motivos para comemorar o dia 8 de março. Entre tantas conquistas, podemos citar o direito ao voto, a ampliação do acesso ao Ensino Superior, o maior espaço no mercado de trabalho, entre outras.




Além dessas conquistas, gostaria de destacar uma que, a meu ver, é o maior avanço no que diz respeito ao combate do machismo de nossa sociedade, e manifesto da pior forma possível, que é a violência contra a mulher. De acordo com a Fundação Perseu Abramo, nada menos que uma em cada cinco mulheres brasileiras já sofreu algum tipo de violência física, sexual ou outro abuso praticado por um homem.




Trata-se de uma lei recente, sancionada pelo presidente da República no dia 7 de agosto de 2006, que foi batizada de Lei Maria da Penha, como forma de homenagear Maria da Penha Fernandes, símbolo da luta contra a violência familiar e doméstica.




Maria da Penha sofreu duas tentativas de homicídio por parte do ex-marido. Primeiro, levou um tiro enquanto dormia, sendo que o agressor alegou que houve uma tentativa de roubo. Em decorrência do tiro, ficou paraplégica. Como se não bastasse, duas semanas depois de regressar do hospital, ainda durante o período de recuperação, sofreu um segundo atentado: ele tentou eletrocutá-la enquanto tomava banho. A punição do agressor só se deu 19 anos e seis meses após o ocorrido.




Tal situação refletia o antigo ditado “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”. Ou seja, a autoridade do marido permitia o direito de dispor do corpo, da saúde e até da vida da sua esposa. Tal autoridade foi respeitada até mesmo pela polícia, que sequer podia prender o agressor em flagrante.




A Lei Maria da Penha é uma política pública de Estado que vem para enfrentar a violência doméstica contra as mulheres brasileiras. É o primeiro passo, pois muitas vítimas ainda têm medo ou receio de denunciar familiares. Dois pontos da lei são primordiais, um deles estabelece as formas da violência contra a mulher como física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, visto que muitas vezes a agressão psicológica e moral pode causar danos tão graves quanto a agressão física. Outro ponto relevante é que a lei proíbe as penas pecuniárias (pagamentos de multas ou cestas básicas), tão utilizadas antes da aprovação da mesma.




Enfim, tivemos um avanço muito grande no que se refere à igualdade de direitos, de tratamento e de oportunidades entre homens e mulheres. Porém, não devemos parar por aí, temos muito ainda a conquistar. Vamos à luta, mulherada.



*Artigo publicado no Diario de Santa Maria em 06/03/09.

** Luciele Alves Fagundes é integrante do Diretório Central dos Estudantes da UFSM, gestão Viração.
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