Com nosso pensamento histórico voltado a civilização européia, nas escolas esquecemos de contar a constribuição dos povos não-europeus para a nossa formação histórica, social, cultura e econômica.
Palestra na UFRGS abordou a necessidade de resgatar nas escolas a contribuição não-européia na formação do Brasil.
No dia 27 de maio, no mês do trabalhador e da luta contra a discriminação, tive o privilégio de participar do 3º Seminário Antirracista da ASSUFRGS, no Auditório da Economia da UFRGS. A palestra da tarde versava sobre o papel da Universidade na promoção da Lei 10.639.
A Lei 10.639, para quem não sabe, propõe como uma política de Estado a obrigatoriedade na educação básica de duas ações: a primeira é implementar a história e a cultura afro-brasileira e Africana nos currículos escolares e a segunda ação é a comemoração do 20 de Novembro como Dia da Consciência Negra. É uma lei importantíssima, sancionada pelo presidente Lula em janeiro de 2003, que ainda não se implementou suficientemente nas escolas nem tampouco nos curriculos das licenciaturas das Universidades.
Apesar de alguns meritosos esforços institucionais pela implementação da 10.639 nas IES, como o que acontece desenvolvido por Rita Camisolão, da Pró-Reitoria de Extensão da UFRGS, que promove cursos de formação continuada para professores da rede básica de ensino, o fato é que muitas resistências têm sido enfrentadas para que a lei saia efetivamente do papel.
Segundo o Professor Adjunto de História Afro-Asiática da UFRGS Luiz Dario Teixeira Ribeiro, existe uma resistência interna no curso de História da Universidade para se tratar este tipo de conteúdo. Desde 81 existe a disciplina de História da África, mas como cadeira eletiva e não obrigatória. A Lei 10.639 serviu como elemento para pressionar a realização de um concurso para Professor de História da África, mas segundo sua avaliação, as resistências persistem, pois na Universidade ainda prevalece um pensamento eurocentrista.
O dirigente da União dos Negros Pela Igualdade (UNEGRO), José Antonio dos Santos da Silva reafirmou essa carência. "Quem foi João Cândido? Aposto que muitos não sabem que ele é gaúcho", afirma ele, referindo-se ao marinheiro nascido em Rio Pardo no RS, que em 1910 liderou a chamada "Revolta da Chibata", realizada em 1910 no Rio de Janeiro, que reivindicava a abolição dos castigos corporais na Marinha de Guerra brasileira.
Sobre isso Luiz Mendes, diretor do Sindicato dos Servidores da Justiça (SINDJUS), complementa afirmando que a história contada nas escolas omite a participação dos negros. "Vocês conhecem o nome de algum negro que lutou na Revolução Farroupilha? Provavelmente não. Será que os negros não lutaram? Eram todos covardes?", ironiza ele, para exemplificar que a participação de negros parece "apagada" do currículo oficial das escolas.
Da mesma forma deve-se acrescentar a imensa contribuição histórico-cultural dos povos indígenas para a formação do povo brasileiro. Também essa história é relegada a um segundo plano nas escolas. Só para citar um exemplo do Rio Grande do Sul, pouco se fala sobre personagens como Sepé Tiaraju, que liderou os guaranis no confronto a tropas luso-espanholas na Guerra Guaranítica no século XVII, deixando seu legado na formação da cultura missioneira do RS e do Brasil como um todo.
Por tudo isso, está mais do que na hora de nosso país se descolonizar também no pensamento. Precisamos resgatar o que temos de africano, de indígena, para construirmos uma identidade nacional soberana, autóctone. Já temos avançado nesse sentido, mas muito ainda precisa ser feito. As bibliotecas precisam de livros que abordem o assunto, as Universidades precisam de disciplinas, projetos de pesquisa, extensão, as escolas da educação básica precisam mudar seus currículos, a televisão e o cinema precisam dar sua contribuição. É um esforço de toda a sociedade no resgate da nosssa História contada por todos os seus escritores.
Palestra na UFRGS abordou a necessidade de resgatar nas escolas a contribuição não-européia na formação do Brasil.
No dia 27 de maio, no mês do trabalhador e da luta contra a discriminação, tive o privilégio de participar do 3º Seminário Antirracista da ASSUFRGS, no Auditório da Economia da UFRGS. A palestra da tarde versava sobre o papel da Universidade na promoção da Lei 10.639.
A Lei 10.639, para quem não sabe, propõe como uma política de Estado a obrigatoriedade na educação básica de duas ações: a primeira é implementar a história e a cultura afro-brasileira e Africana nos currículos escolares e a segunda ação é a comemoração do 20 de Novembro como Dia da Consciência Negra. É uma lei importantíssima, sancionada pelo presidente Lula em janeiro de 2003, que ainda não se implementou suficientemente nas escolas nem tampouco nos curriculos das licenciaturas das Universidades.
Apesar de alguns meritosos esforços institucionais pela implementação da 10.639 nas IES, como o que acontece desenvolvido por Rita Camisolão, da Pró-Reitoria de Extensão da UFRGS, que promove cursos de formação continuada para professores da rede básica de ensino, o fato é que muitas resistências têm sido enfrentadas para que a lei saia efetivamente do papel.
Segundo o Professor Adjunto de História Afro-Asiática da UFRGS Luiz Dario Teixeira Ribeiro, existe uma resistência interna no curso de História da Universidade para se tratar este tipo de conteúdo. Desde 81 existe a disciplina de História da África, mas como cadeira eletiva e não obrigatória. A Lei 10.639 serviu como elemento para pressionar a realização de um concurso para Professor de História da África, mas segundo sua avaliação, as resistências persistem, pois na Universidade ainda prevalece um pensamento eurocentrista.
O dirigente da União dos Negros Pela Igualdade (UNEGRO), José Antonio dos Santos da Silva reafirmou essa carência. "Quem foi João Cândido? Aposto que muitos não sabem que ele é gaúcho", afirma ele, referindo-se ao marinheiro nascido em Rio Pardo no RS, que em 1910 liderou a chamada "Revolta da Chibata", realizada em 1910 no Rio de Janeiro, que reivindicava a abolição dos castigos corporais na Marinha de Guerra brasileira.
Sobre isso Luiz Mendes, diretor do Sindicato dos Servidores da Justiça (SINDJUS), complementa afirmando que a história contada nas escolas omite a participação dos negros. "Vocês conhecem o nome de algum negro que lutou na Revolução Farroupilha? Provavelmente não. Será que os negros não lutaram? Eram todos covardes?", ironiza ele, para exemplificar que a participação de negros parece "apagada" do currículo oficial das escolas.
Da mesma forma deve-se acrescentar a imensa contribuição histórico-cultural dos povos indígenas para a formação do povo brasileiro. Também essa história é relegada a um segundo plano nas escolas. Só para citar um exemplo do Rio Grande do Sul, pouco se fala sobre personagens como Sepé Tiaraju, que liderou os guaranis no confronto a tropas luso-espanholas na Guerra Guaranítica no século XVII, deixando seu legado na formação da cultura missioneira do RS e do Brasil como um todo.
Por tudo isso, está mais do que na hora de nosso país se descolonizar também no pensamento. Precisamos resgatar o que temos de africano, de indígena, para construirmos uma identidade nacional soberana, autóctone. Já temos avançado nesse sentido, mas muito ainda precisa ser feito. As bibliotecas precisam de livros que abordem o assunto, as Universidades precisam de disciplinas, projetos de pesquisa, extensão, as escolas da educação básica precisam mudar seus currículos, a televisão e o cinema precisam dar sua contribuição. É um esforço de toda a sociedade no resgate da nosssa História contada por todos os seus escritores.
Um comentário:
"Há homens que lutam um dia e são bons,há outros que lutam um ano e são melhores,há os que lutam muitos anos e são muito bons,mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis." (Bertold Brecht )
Parabéns pela luta:)
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