Gilmar e Neves da Carris e do Comando de greve dos rodoviários, explicam a pauta dos trabalhadores para lideranças de movimentos sociais. |
Pela CTB participaram da reunião Guiomar Vidor, Izane Matos e Igor Pereira, além de Antõnio Lopes. Pelo Sindicato dos Municipários de Porto Alegre participou Alexandre Dias. Esteve ainda representante da UBM Fabiane Dutra, da UNE Alvaro Lotterman e da UJS Marcos Puchalski e o representante da CNBB Waldir Bohn Gass, além dos dirigentes do PCdoB Edison Puschalski, Ivandro Latino Morbach e Clóvis Silva e o assessor da deputada Manuela Giovanni Mangia.
Gilmar da Costa |
Segundo ele, nunca tinha se interessado por manifestações e protestos, embora os achasse justos, pois "nunca tinha tempo". Estudou junto com dirigente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (SIMPA) Alexandre Dias na educação básica, mas na época, enquanto o amigo era presidente do grêmio estudantil, ele se interessava mais por futebol e namoros. Passados anos, os amigos se encontram na greve dos rodoviários, e o mesmo Gilmar que antes não se interessava por manifestações, agora madruga em piquetes e fala no microfone em massivas assembléias de mais de mil rodoviários no ginásio Tesourinha.
A pauta explicada por Gilmar nessa audiência é a mesma estampada nos cartazes e piquetes nas garagens espalhadas pela cidade. Longe das bandeiras difusas dos protestos de junho, os rodoviários sabem exatamente o que os incomoda: jornadas de trabalho extenuantes com os malfadados bancos de horas e intervalos de mais de 3 horas, onde precisam permanecer na empresa, condições de trabalho com alto grau de periculosidade. Na fase final da greve, a luta por 6h parece emergir como a bandeira mais importante do que os próprios índices de reajuste salarial. Gilmar insistiu na tecla de que os benefícios são também uma bandeira importante: se eles obtivessem 30% de adicional de risco de vida, aceitariam inclusive reajuste zero no salário, argumenta.
No longo discurso, entrecortado por perguntas e falas de incentivo dos interlocutores, Gilmar pontuou ainda a falácia empresarial de que o reajuste salarial demandaria aumento da tarifa. Para ele e o colega Neves, a tarifa é reajustada com base numa planilha que é totalmente controlada e distorcida a bel prazer dos empresários, sem controle nenhum
da prefeitura. "Colocam o lobo cuidando do galinheiro", resumiu Gilmar. E o seu colega, complementou, falando sobre as licitações. "Todo mundo fala que as licitações são a salvação. Mas ninguém fala de que licitação se quer. Não adianta nada licitar e ficar tudo como está", argumenta.
O presidente da CTB Guiomar Vidor se pronunciou parabenizando a luta dos rodoviários e dizendo ser importante que o movimento saia vitorioso. Fez ainda uma reflexão que esse movimento de base que impuslionou a greve deve ser capaz de eleger uma direção que de fato represente os interesses da categoria, diferente desta direção que foi desmoralizada.
A vereadora Jussara Cony pontuou que o principal responsável dessa crise no transporte público é o prefeito Fortunati. "A cidade cenográfica que ele pintou nas eleições ruiu em menos de um ano de gestão. A Carris, que era um modelo de transporte público, está sucateada. É preciso que, para além do atendimento da pauta dos rodoviários, se aprove um plano municipal de mobilidade urbana e se crie um conselho municipal das cidades", defendeu.
O representante da CNBB e fundador da União das Associações de Moradores de Porto Alegre Waldir Bohn Gass disse que a greve dos rodoviários demanda uma reflexão sobre a saturação do sistema de transporte público de Porto Alegre e acredita que o debate deva evolver toda a população para superar essa crise.
A reunião aprovou amplo apoio dos movimentos presentes a greve, com participação nos piquetes. O PCdoB realizará hoje (05/02) Plenária sobre crise dos transportes públicos às 19h na FECOSUL, para ajustar sua opinião e intervenção nesse tema na capital gaucha.
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