domingo, 8 de dezembro de 2013

Há 30 anos Rebelo alertava: as classes dominantes sempre tentaram neutralizar a juventude

As classes dominantes apresentam a postura apolítica como o novo e o moderno, denuncia o primeiro presidente da UJS Aldo Rebelo há 30 anos atrás. Três décadas depois, a luta continua pelos corações e mentes da juventude.
Na edição nº 07 de Princípios, publicada em dezembro de 1983, o presidente da UNE na gestão 1980/81, jornalista e suplente de deputado federal Aldo Rebelo escreve um artigo que procura traçar um perfil da juventude brasileira e destacar seu papel a cumprir. Citando vários exemplos históricos onde a juventude protagonizou enfrentamentos a tirania e a opressão para pontuar que a juventude sempre tomou parte dos movimentos revolucionários.

Ao refletir sobre a tentativa da classe dominante de anestesiar e neutralizar o potencial revolcionário da juventude, Rebelo evidencia a tentativa de colocar o engajamento em atividades políticas como sendo "careta" e "ultrapassado", e a postura "apolítica" como o "novo". Menos de um ano depois desse artigo, seria fundada, em setembro de 1984, a União da Juventude Socialista, tendo como primeiro presidente Aldo Rebelo.

A atualidade da disputa da juventude com o pensamento dominante

30 anos passados, percebe-se a atualidade deste texto na recente vitória do discurso apartidário no DCE da UFRGS. Afastar os jovens de partidos políticos interessa somente a classe dominante, pois anestesiada e confundida numa pretensa "pureza" apartidária, a juventude nunca incomodará de fato procurando intervir nos espaços de decisão. O pensamento dominante continua, sobretudo hoje, tentando anestesiar a juventude e impedi-la de ter protagonismo político.  A luta continua.

domingo, 10 de novembro de 2013

Boletim semanal do Movimento União e Olho Vivo

Prezado colega. Por meio deste Boletim queremos mantê-lo informado sobre as propostas da chapa 3 às eleições da Assufrgs. Pedimos sua atenção e seu voto para juntos possamos defender os interesses da categoria.

Acompanhe as principais notícias do nosso blog:
  • 11/11: Em campanha por uma nova Assufrgs - Conheça a nossa chapa e por que defendemos União para avançar nas mudanças (leia mais);
  • 12/11: Olho Vivo na política salarial - Saiba as nossas propostas para fortalecer a luta pela tão sonhada data-base no serviço público (leia mais)
  • 13/11: União para uma nova Carreira - Que carreira temos e que carreira queremos? A necessidade de aprimorar nossa carreira de técnico administrativo em educação (leia mais)

Envie sua opinião sobre as postagens e outros assuntos. Responda este e-mail enviando sugestões, dúvidas, críticas. Caso não deseje mais receber e-mails deste grupo, informe que interromperemos o envio.

Atenciosamente,

Chapa 3 - Movimento União e Olho Vivo na Assufrgs

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

"Quem quer ver o povo desunido, dividido, quer ver o retrocesso", afirma Carrion

Leia íntegra do pronunciamento do Deputado Raul Carrion abrindo a Audiência Pública das Juventudes realizada em 04 de setembro de 2013
Por Raul Carrion*

Essa audiência surgiu de uma visita que recebemos de diversas entidades da juventude, muitas das quais aqui presentes na mesa, que nos trouxeram a preocupação de que a casa do povo realizasse um debate sobre as demandas que a juventude tem trazido para o Brasil e as manifestações de junho fazem parte desse contexto onde não só a juventude brasileira, mas em especial a juventude brasileira trouxe para a sociedade brasileira.

Aliás é natural na história do nosso Brasil. e na história do mundo que as grandes lutas sejam puxadas, vanguardeadas pela juventude, exatamente porque a juventude representa o novo, representa o descompromisso com os problemas que o passado nos deixa e buscam a renovação e a mudança. Então faz parte da própria juventude essa luta. E também nos trouxeram a preocupação pela implementação no Brasil e no  estado do estatuto da juventude que acaba de ser aprovado depois de nove anos de luta e que consagrou demandas na área da educação, da saúde, na área do lazer, do esporte, enfim, da formação técnica, do trabalho, do acesso ao mercado de trabalho que a juventude enfrenta, mas as jornadas da juventude não tem ficado presas aos temas digamos explicitamente da juventude.

As grandes questões nacionais
A juventude tem a preocupação com as grandes questões nacionais, exatamente essas questões foram trazidas pela juventude em junho. Por exemplo, a reforma política, que se fala pelo menos vinte anos e que não se realiza. Essa juventude não se vê representada nas atuais instituições, na representação existente hoje no Congresso Nacional. Aliás eu creio que nós também não nos sintamos representados. Um Congresso onde mais de 350 são os que tiveram as campanhas mais caras, onde as mulheres que são mais de 50% não representam nem 10%, onde os trabalhadores que são a imensa maioria do país não tem nem quem sabe 2% de representação no Congresso. E por que isso? Por que o poder econômico impera na representação política desse país e enquanto o financiamento privado das campanhas predominar, será representado o poder econômico, tanto que os dados eleitorais que na última eleição 95% dos gastos nas campanhas declaradas foram financiados privadas, empreiteiras, bancos e assim, então evidentemente que reforma política é uma aspiração da juventude e acho que uma aspiração de grande parte da sociedade.

 A questão da democratização da comunicação é outra bandeira que a juventude tem levantado, a questão da reforma urbana. Como resolver o problema da mobilidade urbana, para dar um exemplo que foi um dos temas das manifestações, sem uma efetiva reforma urbana? como resolver o problema da moradia, do lazer, do esporte para a nossa juventude numa cidade cada vez mais de poucos e onde a população mais pobre é jogada para a periferia? A questão da reforma agrária, a juventude tem levantado e nos trouxe. A juventude agrária, por exemplo, sem uma reforma agrária nesse país vai ser expulsa do campo para as cidades crescendo as periferias.

A questão da reforma educacional, muito se avançou, não há o que discutir, o PROUNI, o REUNI, as cotas sociais, as cotas raciais, poderia citar aqui n outras questões, escolas técnicas cada vez se difundem mais, fizeram mais escolas técnicas que toda a República nos últimos dez anos, aquestão do PRONATEC e tudo mais, mas ainda carecemos de avanços importantes . Quero registrar aqui a aprovação pelo Congresso Nacional da destinação dos royalties, 75% para a educação e 25% para a saúde, mas ainda não atingimos 10% do PIB para a educação que a nossa juventude, principalmente a UNE e a UBES lutam há tantos anos. Então são essas e outras questões que a juventude quer discutir e a casa tem que estar aberta.

As jornadas de junho negam os avanços?
Acho que alguns não compreendem às vezes com tantos avanços que o Brasil teve, por que a juventude saiu para as ruas? Será que ela está negando esses avanços? Eu acredito que não. A juventude compreende os avanços que ocorreram como importantes, como decisisivos. Agora ela quer mais avanços, mais rapidamente esses avanços se dêem nesse país e quer aprofundar e nesse sentido ela ajuda a empurrar o processo brasileiro para adiante. Povo na rua é possibilidade de avanços maiores. Agora, esse povo na rua tem que ter ideias, propostas, organização. Eu sempre aprendi assim: povo organizado não será explorado, nem manipulado e conseguirá avanços. Então eu vejo às vezes a valorização do espeontâneo, do desorganizado, isso não ajuda a avançar. Quem quer ver o povo desunido, dividido, não quer ver avanços, quer ver o retrocesso.

Então por isso eu congratulo-me com essa juventude que não despertou hoje. Tivesse despertado hoje, minha gente, a ditadura tinha continuado, o neoliberalismo tinha dominado o Brasil, a Petrobras tinha sido vendida, o Banco do Brasil não era brasileiro, Caixa Econômica tinha sido vendida. Se o Brasil tem avançado, não retrocedeu, e não caiu no neoliberalismo é porque a juventude sempre teve na rua, a UNE a UBES, o movimento sindical, todas as organizações, estiveram na luta, agora, temos que ver com grande alegria, que segmentos que ainda não estavam na luta, despertaram e se somam, e acho que hoje a oportunidade desses que estão na luta há muitos anos, desses que surgiram na luta agora se irmanem e construamos esse Brasil que todos nós almejamos, então esse é o objetivo da nossa Audiência Pública. Muito obrigado.

*Raul Carrion é deputado estadual e presidente estadual do PCdoB/RS.

sábado, 28 de setembro de 2013

Um mundo e uma educação que confira cidadania aos trabalhadores



Hoje a tarde (28/09) no Encontro Regional Sul do SINASEFE (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica) comentei que a recente descoberta espionagem dos EUA ao Brasil e o posicionamento agressivo do mesmo Império a Síria revelam que o decadente hegemonia estadunidense está provocando seu comportamento mais agressivo para recuperar sua condição de hegemonia incontestável. Isso aumenta os perigos de guerras e agressões em escala mundial.
A escancarada ameaça a soberania ao Brasil e a tentativa de incriminar a Síria em outra situação mais “tranquila” para a hegemonia estadunidense, talvez não fosse necessária. Não esqueçamos que até bem pouco tempo atrás uma posição dos EUA não ficaria isolada no G20 com uma firme oposição da Rússia por exemplo. O império decadente vai mostrando sua virulência e apontando seus canhões e esquemas de espionagem tanto para o Oriente Médio quanto para a maior economia da América Latina.
O que precisa o império para se recompor senão de fontes de petróleo como o nosso poderoso pré-sal? Inclusive no debate de hoje foi lembrado e denunciado que não é só no nosso petróleo que “eles” estão de olho, mas sim também em outras riquezas naturais. Por isso, a solidariedade a Síria e a firme defesa da soberania e do nosso petróleo são questões que se entrecruzam: basta da truculência do império submetendo os povos a sua ambição insaciável.
Também comentei sobre a composição social das jornadas de junho me apoiando nas pesquisas realizadas pelo IBOPE, que perguntando nas ruas quem eram os manifestantes, descobriram que se tratam em sua maioria de jovens, composição de gênero mais ou menos equilibrada, em sua grande parte com escolaridade de nível superior, e o principal: cerca de 70% declarou que trabalhava. Ou seja, trata-se da nova geração da classe trabalhadora que foi às ruas, não-convocada e não se sentindo representadas por sindicatos e partidos. A mídia já percebeu que precisa disputar essa turma. Espero que nós, enquanto organizações de esquerda, também tenhamos percebido.
Por fim comentei sobre os desafios que se impõem aos trabalhadores da educação, em especial os das universidades e IFETS. Hoje mais do que nunca é atual o debate da FASUBRA sobre Universidade cidadã para os trabalhadores, pois dez anos após uma ampliação das Universidades e criação dos IFETs, precisamos de um crescimento quantitativo e qualitativo. Quantitativo que passa pelo financiamento. Para garantirmos a ampliação da Universidade e IFETS públicos, precisamos de mais recursos, por isso é bandeira estruturante os 10% do PIB para educação e os recursos do pré-sal para garantir esse patamar. Mas para chegarmos lá, a presidenta precisará enfrentar os interesses dos banqueiros: é preciso reduzir os superávit primário, e a aviltante cifra que destina mais de 40% de nosso PIB ao capital financeiro. Essa é uma faceta fundamental de nossa luta, mas não é a única.
Também deve caminhar lado a lado dessa luta por financiamento a disputa de um projeto de Universidades e IFETs. Pouco adianta temos Universidades públicas com muito dinheiro mas pensando seu funcionamento para as elites e não para os trabalhadores, que precisam de mais cursos noturnos, mais assistência estudantil, implementação de fato das ações afirmativas, e uma série de mudanças estruturais na concepção de uma estrutura universitária que ainda é herança da Ditadura Civil-Militar que terminou nos anos oitenta. Inserida nesse projeto de Universidade Cidadã para os trabalhadores está a questão do turnos contínuos de 30h, dentro do ideal da Universidade sem fechar as portas. Dentro dessa Universidade cidadã para os Trabalhadores está a gestão democrática que passa por eleição paritária para Reitor, que passa por um Plano Nacional de Capacitação e Qualificação que garanta ao trabalhador ampliar sua formação conciliando trabalho e estudo. Dentro ainda desse projeto o técnico administrativo em educação, visto como trabalhador da educação, é co-partícipe na formação dos estudantes, e não um mero bedel que não pensa e só executa o que os professores, detentores do saber determinam.
Por fim comentei a guisa de conclusão que todas as questões levantadas no debate se resumem a resposta das perguntas:
Quem decide para onde vai a nossa riqueza?
Quem decide o projeto de nossas Universidades e IFETs?
Quem decide o que vai na mídia?
Todas as respostas das perguntas acima tem a ver com quem tem o poder, porque todas essas decisões são atributos do poder. Então ao cabo e ao fim, a grande disputa é pela democratização do poder. É para que os trabalhadores consigam decidir também todas essas questões fundamentais para a sua vida. Por isso, todo apoio a autodeterminação da Síria, repúdio e espionagem e contra os leilões do petróleo, e principalmente, por uma universidade e IFETs cidadãos para os trabalhadores!





domingo, 22 de setembro de 2013

Conquistar a juventude trabalhadora para a disputa de hegemonia


Gramsci entende o Estado como expressão do domínio de classe não só pela força, mas pelo "consentimento ativo" dos governados, que é obtido principalmente pelo sistematico trabalho de convencimento exercido pelos meios de comunicação de massa.
 Por Igor Corrêa Pereira*


A luta política dos comunistas se qualifica com a concepção gramsciana de hegemonia. Ela nos ajuda a entender o conceito contemporâneo de Estado, que compreende todo o complexo de atividades práticas e teóricas com as quais a classe dirigente justifica e mantém não só seu domínio, mas consegue obter o consentimento ativo dos governados.1 Quando Altamiro Borges2 diz reiteradas vezes que vitória eleitoral não significa necessariamente conquista de hegemonia, referencia-se na concepção de Gramsci.



Ganhamos a eleição de 2003 mas não a hegemonia da sociedade. Ganhamos a eleição, mas até que ponto conquistamos os corações e mentes da geração compreendida entre 15 a 35 anos, que compõe 2/3 da População Economicamente Ativa? Como bem destaca os textos para debate do 3º Congresso da CTB3, essa é a geração pós-queda do muro de Berlim, criada sob o bombardeio ideológico neoliberal, em sua pregação contra a esquerda, o socialismo, a política, o coletivo, os partidos e os sindicatos.  É essa geração que foi pra rua em junho, segundo pesquisa do IBOPE o perfil das ruas era jovem em sua maioria, e trabalhadora em sua maioria. Trata-se de uma geração:

fortemente disputada pela imprensa golpista, pelas religiões fundamentalistas conservadoras, por movimentos pós-modernos e muitas vezes por ideologias daninhas, como o ecoimperialismo e a negação do Brasil. São fortes barreiras à consciência de classe e podem levar a derrotas dos trabalhadores e sindicalismo classista.



Em entrevista concedida a edição 124 da Revista Princípios4, o cientista político André Singer, ao analisar o momento atual do país que caracteriza como "modelo lulista", desencadeado com a vitória de Lula em 2003, ele faz um convite que penso muito apropriado ao conjunto da esquerda:

Estamos vivendo um quadro confuso, ideologicamente diluído, e é preciso pensar em como atuar nesse quadro. Atuar do ponto de vista da luta hegemônica, não só da luta pelo poder, mas da luta pelos corações e mentes. Pensar em como a esquerda possa voltar a ter um trabalho de conscientização, que acho que foi interrompido - posso estar enganado, porém acho que foi interropido.


Ganhar corações e mentes, disputar a hegemonia da sociedade


Para saber em que grau nossa luta pelo poder está se traduzindo em luta por hegemonia, precisamos mensurar em que grau os eleitores de nossos candidatos no legislativo e executivo são militantes em alguma medida de pelo menos algum aspecto pela construção de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. E para não ficar só no plano institucional, trata-se de fazer o mesmo com quem vota em chapas organizadas pelos comunistas em associações de bairro, sindicatos, diretórios e gremios estudantis e demais organizações coletivas. É certo que precisamos eleger vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores, presidência. Também precisamos dirigir entidades do movimento social. Mas esse processo deve andar lado a lado com a conscientização popular. Nossas vitórias eleitorais devem abrir caminho para dialogarmos, mobilizarmos e angariarmos o apoio consciente das pessoas. Para além de eleitores, precisamos de cada vez mais militantes de ideias progressistas, que ajudem no avanço de um projeto nacional de desenvolvimento.



Quando partidos e sindicatos são hostilizados em manifestações de rua, está aceso o sinal de alerta para a esquerda. Será que só negar esses movimentos ajuda? Novamente recorrendo a Altamiro Borges, não adianta reclamar que a moçadinha ta indo pra rua despolitizada, porque não se joga na polítização, não adianta reclamar que a pauta é difusa, porque não se joga em nortes bem definidos5. Também não adianta só constatar que a mídia, ou mesmo o imperialismo estão tentando agendar as ruas, porque eles sempre fizeram isso. Trata-se de perguntar: o que nós estamos fazendo para ganhar essa dura disputa?



Nesse sentido cabe assinalar que as teses para o 13º Congresso pouco desenvolvem um aspecto que me parece fundamental: a organização do Partido. Quero nesses parágrafos finais situar a importância estratégica da organização do partido entre os trabalhadores, e dizer que não é possível pensar essa organização sem a dedicação constante a tarefa de organizar a juventude trabalhadora. Os jovens comunistas que atuam na UJS fazem um excelente trabalho entre os estudantes, mas por várias razões temos perdido um enorme número de quadros formados na escola de socialismo assim que entram no mundo do trabalho. Considerando a atual quadra, é inadmissível perder lideranças para a "vida". Quando um militante nosso que organizamos lá na escola de ensino médio, ao se formar vai "cuidar da vida", expressão aonde não cabe a dedicação a construção do Partido, algo está muito errado.



Essa geração pode jogar um papel importante para disputar a hegemonia entre os(as) trabalhadores(as) na luta pelo socialismo. Por isso, as direções partidárias devem dedicar especial atenção a nossa política de quadros, devendo haver intensa sinergia entre o departamento de quadros, a secretaria de juventude e a secretaria sindical. Nenhum quadro do Partido, em especial os formados na juventude, deve ficar sem tarefa. Bem orientados, jogarão importante papel na ampliação de nossa influência por meio da CTB, a partir das categorias onde já temos influência, como os comeriários, bancários, na educação e saúde, na indústria, nos transportes e nos serviço publico em geral, sem esquecer a agricultura familiar. Dependendo do correto planejamento e orientação partidária, será possível preparar o salto para um novo projeto de desenvolvimento de rumo socialista.








*Igor Corrêa Pereira é membro do Coletivo Estadual de Formação e Propaganda do PcdoB/RS.

1GRAMSCI, Antonio – Cadernos do Cárcere – volume 3, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2000, p. 331
2BORGES, Altamiro - Seminário:crise de representatividade e renovação da democracia- Gabinete digital- Governo Tarso Genro/2013
3CTB – Textos para debate: Balanço da Secretaria Nacional da Juventude Trabalhadora, 2013 págs. 53 a 55.
4GONZALEZ, Claudio e MONTEIRO, Adalberto. “O lulismo abriu uma janela histórica para a esquerda”. Revista Princípios Edição nº 124 abril/maio de 2013.
5BORGES, Altamiro Pronunciamento na 11ª Plenária da Coordenação dos Movimentos Sociais, julho de 2013.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O PCdoB e a missão histórica da construção de um bloco de esquerda

Ao PCdoB cabe a tarefa da construção de um grande bloco político de afinidade de esquerda no âmbito dos parlamentos, nas esferas de governo, no seio dos movimentos sociais e na intelectualidade, para avançar nas mudanças.
Por Igor Corrêa Pereira*

Uma década depois de decidir constituir um governo federal o PCdoB, partido do socialismo com um programa que aponta o projeto nacional de desenvolvimento como caminho para chegar em seu objetivo estratégico, convoca sua militância a fazer um balanço e apontar perspectivas a partir dessa experiência singular.

Nossas teses já evidenciam o quanto é desafiante a missão histórica de um partido contrahegemônico. A maré que decidimos enfrentar é a da institucionalidade burguesa, hostil a projetos coletivos e candidaturas oriundas da classe trabalhadora. Hostil a alternativa socialista, que permanece ainda na defensiva estratégica.

 

Sem desanimar diante do tamanho do desafio, a valente esquadra comunista não enjoou diante desse mar revolto. Procurou fortalecer seus navios, aumentar e qualificar sua tripulação. Crescemos, apesar de tudo. Persistimos, nove décadas após de nossa fundação no ano da semana da arte moderna, ainda reivindicando a necessidade histórica da nossa criação. Ainda persiste a justificativa da existência de um Partido Comunista do Brasil.
 

Queremos mais que somente administrar o capitalismo, posto que não somos mais uma tendência do Partido dos Trabalhadores. Também não nos situamos na infantilidade da luta socialista, como as correntes do esquerdismo que em nome de uma suposta estratégia socialista, na prática muitas vezes auxiliam as forças conservadoras da sociedade. Mas quem somos? O que devemos fazer para justificar na prática nossa existência com uma identidade própria no seio da luta contemporânea da classe trabalhadora?
 

A tática de diferenciação do PCdoB se expressou nos episódios limites da experiência da última década. Quando a crise do mensalão eclodiu, emergiu com força a decidida esquadra comunista que nas ruas emplacou a lúcida chamada: "contra a desestabilização do governo Lula e por uma reforma política democrática".
 

Agora, em meio ao 13º Congresso do PCdoB, evidencia-se os contornos de um outro episódio limite, que teve como marco as manifestações de junho. Conseguiremos novamente nos destacar? Teremos o protagonismo que justifique a nossa existência histórica?
 

Novamente as teses partidárias parecem apontar um norte de ação preciso. É acertada a convocação de "um grande bloco político no âmbito dos parlamentos, nas esferas de governo, no seio dos movimentos sociais e da intelectualidade". Esse bloco, denominado como "um grande bloco de afinidades de esquerda" trata-se de uma chamada que já temos tentado fazer emplacar nos episódios recentes das lutas das ruas. E aqui vai minha reflexão pessoal sobre essa construção.
 

Quando decidimos criar a CTB junto com o PSB e outras forças progressistas da classe trabalhadora, me arrisco a dizer que tenhamos dado o salto mais bem sucedido na tática de ser força motriz das mudanças nos marcos da não-ruptura com um governo de programa claramente social-democrata. Pois tem sido hoje a CTB, junto a UNE e a UBES, as forças sociais com capacidade de "colocar povo na rua" mais consequentes no sentido de justificar nossa identidade.
 

O dia 11 de julho evidenciou isso. Quando a mídia golpista tentava disputar a agenda das ruas, foi a decidida ação dos movimentos sociais, tendo a CTB, a UNE e a UBES como linha de frente de um conjunto de centrais e forças vivas dos movimentos sociais, que mudou o rumo dos debates. Tanto que a presidenta Dilma em seu discurso pós-jornadas de junho apresentou como agendas de ação pelo menos duas pautas que apresentávamos desde 2005: reforma política e mais investimentos em educação e saúde.
 

O sentimento que me leva a escrever essa análise é a da total inconclusão desse episódio. Nada está definido, estamos diante de uma encruzilhada histórica. Para avançar nas mudanças devemos continuar nos empenhando na árdua tarefa da construção de um bloco de esquerda que reúna as forças mais progressistas da sociedade no sentido da disputa da hegemonia.
 

Aqui no sul a CTB e a UJS tem tido grande afinidade para propôr essa construção. Propusemos recentemente uma Audiência Pública para debater o Estatuto da Juventude e a reivindicação das juventudes organizadas na Assembleia Legislativa do RS, e apesar de termos conseguido reunir 49 entidades representativas da juventude e movimentos sociais, precisamos reconhecer que muito deve se avançar para que haja de fato um bloco de esquerda com uma mínima coesão programática.
 

No entanto, parece claro que está em nós comunistas convocar essa construção. Está em nós porque as forças sociais lideradas pelo PT estão confusas, procuram uma aliança inviável com o esquerdismo e o anarquismo. É preciso abrir os olhos da inviabilidade concreta dessa construção. É nos marcos da Coordenação dos Movimentos Sociais que pode ressurgir uma esquerda social com força e com projeto mudancista. São os nossos deputados e vereadores os capazes de construir alianças no rumo da ampliação da democracia. É apresentando claramente nossas ideias que podemos repactuar alianças no seio da sociedade.
 

Estou cada vez mais convencido de que o modelo Lulista de conciliação de classes está em vias de esgotamento. É preciso reforçar a classe trabalhadora. E para isso, a tarefa que se impõe ao Partido Comunista do Brasil é perseguir a tarefa árdua mas necessária de construir um bloco de afinidade de esquerda capaz de alavancar mudanças estruturais em nosso país.
 

*Igor Corrêa Pereira é secretario estadual de juventude da CTB/RS e membro da comissão estadual de formação e propaganda do PCdoB/RS

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Jovens e Deputados gaúchos levarão reivindicações da juventude ao governo do Estado

Foto: Marcelo Bertani


A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH), presidida pelo deputado Jeferson Fernandes (PT), irá agendar uma reunião com o governador Tarso Genro para tratar das demandas da juventude. A sugestão foi feita pelo deputado Raul Carrion (PCdoB) durante audiência pública da CCDH em conjunto com a Comissão de Participação Legislativa Popular na manhã dessa quarta-feira (4), que contou com a representação de 49 entidades. A audiência debateu o Estatuto da Juventude e as Reivindicações das Juventudes Organizadas. “Além da implementação do Estatuto, a maior reivindicação é de que seja criada a Secretaria Estadual da Juventude. O governador certamente será sensível à proposta”, ponderou Carrion. 


O Estatuto da Juventude, conforme o representante do Conselho Nacional da Juventude Getúlio Vargas Júnior, foi resultado de dez anos de luta. “Na redação aprovada, foram retiradas todas as divergências para que se formasse um consenso. A lei é bem completa e aborda todos os aspectos relacionados à juventude”, esclareceu. De acordo com a assessora parlamentar Ticiana Alvarez, que trabalha com a deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB),  relatora do projeto de lei na Câmara, o estatuto teve um terço de sua redação tirada de contribuições populares na internet e foi amplamente discutindo com os movimentos sociais. Ela destacou, porém, que os direitos conquistados com a lei são insuficientes. “O Brasil precisa urgente de uma série de reformas estruturantes”, ressaltou. “O estatuto só vai ter efetividade se houver mobilização e controle social”, completou o coordenador de Juventude do Estado, José Fagundes.

Criação de um marco estadual de políticas públicas para a juventude 
Para o secretário estadual da Juventude da CTB/RS, a conquista do estatuto em nível nacional precisa ser respaldada por um marco estadual de políticas públicas para a juventude. "Precisamos de uma secretaria e de um conselho estadual de juventude atuantes e com participação para dar conta de materializar em políticas públicas vários desafios que a juventude enfrenta diariamente. Quando por exemplo um jovem abandona a escola ou a universidade, não é só ele que fracassa, mas sim o Brasil como projeto de Nação, por isso exigimos politicas para garantir a conciliação entre trabalho, estudo e vida familiar, e consideramos a redução da jornada de trabalho inserida nessas políticas" avalia. 


Durante a audiência, as entidades apresentaram uma série de bandeiras de lutas que serão levadas ao conhecimento do governador. Entre elas estão a aprovação do passe livre; a garantia de trabalho decente e remuneração adequada; políticas públicas para a juventude indígena e quilombola; oferta de vagas de ensino superior interior do Estado; reforma urbana; autonomia e emancipação da juventude através de políticas voltadas para as mulheres; democratização da comunicação, e política de prevenção e combate à violência contra os jovens, principalmente negros e pobres.  Além destas bandeiras, o combate à homofobia e o repúdio à redução da maioridade penal foram propostos pelos jovens que participaram da atividade.
O deputado Catarina Paladini (PSB) comentou, ainda, que é necessário sancionar o Conselho Estadual da Juventude e transformá-lo em uma política de Estado. “Somos 23,8% de jovens no Rio Grande do Sul economicamente ativos. Temos que pensar políticas públicas de planejamento familiar, combate à drogadição e de educação sexual”, citou.
Fundo social do petróleo

A destinação dos royalties do petróleo para a educação foi outro tema levantado durante a audiência. Sobre isso, Carrion mencionou que protocolou, nessa terça-feira (3), projeto de lei que adapta para o Estado o projeto de lei federal que determina a destinação de 75% dos royalties para a Educação e 25% para a Saúde. “Precisamos a mobilização da juventude para aprovação deste PL”, disse.
Participação

Além dos deputados Jeferson Fernandes, Raul Carrion e Catarina Paladini, participaram da audiência, também, os deputados Aldacir Oliboni (PT) e Elisabete Felice (PSDB). Entre as 49 entidades presentes, estiveram a União Nacional dos Estudantes (UNE), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), União Estadual dos Estudantes (UEE) Livre, Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), Força Sindical (FS), Juventude Socialista Brasileira, Juventude do Partido dos Trabalhadores, Juventude do Partido do Movimento Democrático do Brasil, Movimento Nacional de Luta pela Moradia, Coletivo Fora do Eixo, Frente Gaúcha de Mulheres, Coletivo A Mariguella,  entre outros.
Texto de: Aline Adolphs e Igor Pereira

domingo, 1 de setembro de 2013

Paulo Vinícius e a tarefa de nossa geração



Uma das mudanças do 3º Congressso Nacional da CTB, ocorrido no final de agosto na cidade de São Paulo foi a substituição na pasta de juventude. Depois de 22 anos miluitando na juventude, 4 deles a frente da juventude trabalhadora, o sociólogo e bancário Paulo Vinícius sai dapasta para dar lugar ao comerciário Vitor Espinoza. 

Acompanhe aqui o último discurso de PV como secretário de juventude da CTB. 




sexta-feira, 23 de agosto de 2013

CTB debateu Estatuto da Juventude com estudantes da FEEVALE

Auditório da FEEVALE lotado para debate sobre Estatuto da Juvntude promovido pelo DCE da FEEVALE com participação da CTB, CONAM e UNE. 
O coletivo de juventude da CTB participou ontem (22/08) de debate integrante da programação da calourada do Diretório Central de Estudantes da FEEVALE, em Novo Hamburgo. Com Auditório lotado de estudantes, roda de conversa em tom descontraído sobre um tema muito importante para a juventude e os trabalhadores:  "Estatuto da Juventude e mundo do trabalho". Pela CTB participou Luiza Bezerra, diretora da FETRAFI (Federação dos Trabalhadores dos Ramo Financeiro), Tiago Silva, diretor do Sindicato dos Sapateiros de Campo Bom, e ainda Cris Pereira, que coordenou a conversa, sendo trabalhadora do telemaketing e estudante da FEEVALE. Participou ainda o conselheiro nacional de juventude pela CONAM Getúlio Vargas Júnior, Eliandro Cantini da prefeitura Municipal de Novo Hamburgo, e Álvaro Lotterman da UNE (União Nacional dos Estudantes).

Formato de debates com a cara da juventude
Em entrevista a redação da CTB, Tiago Souza elogiou a atividade: "Cara foi muito bom, não fizemos uma mesa oficial, os debatedores sentaram a frente
Getúlio CONAM, Alvaro UNE, Tiago e Luiza CTB.
da galera nas cadeiras, Getúlio fez uma ótima explanada sobre o estatuto da juventude. Eu a Luiza falamos da caravana de lutas da juventude, e principlamente sobre o trabalho decente  (trabalho penoso/trabalho forçado/trabalho degradante) e sobre as 40h", conta. 


Luiza Bezerra também falou entusiasmadamente da atividade: "Acredito que o formato estilo 'Altas horas' combinou muito com a juventude e deu dinâmica à conversa", avalia. E anuncia mais edições da Caravana em outras universidades: " O bom foi que todo mundo se pilhou para fazermos mais atividades com esse formato e temática.  Muito trabalho pela frente para invadirmos escolas e universidades", afirma. Outra edição da Caravana está marcada para o dia 29 de agosto na UNIVATES. 

A atividade foi elogiada ainda por Tiago Morbach, presidente do DCE da FEEVALE: "o auditório lotou e demonstrou que a juventude quer cada vez mais participar das decisões do país", avalia. Para a estudante secundarista Samantha Figueiró, o debate teve um caráter de aprendizado. ""Achei muito bom,com temas realmente importantes. Foi algo histórico na minha vida, por que eu sou apaixonada por politica e temas sociais", revela. E afirma entusiasmada que quer participar de mais debates: "Eu garanto que todos que me convidarem eu vou".

Caravana de Lutas da Juventude
A Caravana de Lutas da Juventude é uma iniciativa da CTB e da UJS e consiste em promover debates com a juventude sobre trabalho decente, educação e saúde, passe livre e reforma urbana, reforma política, democratização da mídia, reforma agrária, no marco da aprovação do Estatuto da Juventude. Em breve será lançada a agenda da Caravana em outras universidades e escolas, mas está confirmada uma edição na UNIVATES dia 29. Dia 04 de setembro a Caravana vai levar o fruto dessas conversas para uma Audiência Pública da Jornada de Lutas da Juventude na Assembleia Legislativa. 

domingo, 4 de agosto de 2013

"É preciso disputa permanente de ideias", afirma Altamiro Borges

A esquerda não pode confundir disputa de eleição com disputa de hegemonia. Ganhar eleição não significa ter hegemonia. É preciso disputar corações e mentes. Sempre. Essa ideia foi defendida pela palestra do jornalista Altamiro Borges na Plenária Nacional dos Movimentos Sociais, realizada em São Paulo no Dia 19 de julho. Confira aqui fragmentos dessa fala que pode ser vista na ítegra clicando aqui

Os avanços dos dez anos de governo Lula-Dilma podem ter gerado a falsa impressão de que bastava manter o ritmo em velocidade constante para que o curso progressista continuasse, mas a movimentação das placas tectônicas da política em junho mostrou o contrário. O quadro se alterou e exige da esquerda política e social brasileira uma ação muito mais decidida. Essas mudanças deram uma chacoalhada na esquerda política e social brasileira, isso às vezes é bom pra saúde. Movimentos de junho começam com a bandeira do passe livre, mas depois ganha corpo a insatisfação da classe média, a mesma classe média que foi massa de manobra em 1964, mas essa insatisfação tem motivos reais, porque não se mexeu na estrutura da sociedade nesses dez ultimos anos. Nós temos que saudar os avanços mas eles não foram suficientes. A presidenta DIlma não joga na politização da sociedade, na disputa de ideias, joga numa visão tecnocrática de poder, como se política fosse técnica. Não faz essa disputa. Então não adianta reclamar que a moçadinha ta indo pra rua despolitizada, porque não se joga na polítização, não adianta reclamar que a pauta é difusa,  porque não se joga em nortes bem definidos. Não adianta nada reclamar. Volto a dizer, uma visão eleitoreira, achar que a política se resolve de dois em dois anos em urna. Eu vou citar o sociólogo português Boaventura Santos que diz que nós vivemos uma fase do capitalismo que se chama fascismo societário, pois a população elege, mas a mídia e a direita enquadram os governantes. Então se você não faz uma permanente disputa de ideias, você pode ter uma vitória eleitoral que se transforma em derrota política. Essas manifestações de junho mostram que esse ciclo é insuficiente. Para avançar, dois atores são importantes, um é o governo, que precisa sinalizar para onde está indo, e precisa ir mais para a esquerda, e outro ator são os movimentos sociais, que não pode ser nem esquerdista, e nem ter uma postura de pacificdade bovina diante desse governo. No dia 11 de julho, quando os trabalhadores em união entraram em cena, já mudou o quadro da disputa, nós começamos a disputar a agenda, o simbólico. Esse jogo mudou. Depende da postura do governo e depende da postura dos movimentos sociais.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Unir as juventudes e trabalhador@s do campo e da cidade para conquistar direitos

11 de julho mostrou que juventude e trabalhador@s do campo e da cidade unidas param o país e essa unidade pode garantir o avanço nas mudanças e conquista de direitos
As manifestações de junho foram impressionantes demonstrações de como a juventude na rua pode acelerar mudanças. De imediato reduções nas tarifas em várias capitais foram anunciadas, e a presidenta Dilma anunciou mudanças nos setores  de mobilidade urbana, educação, reforma política e saúde.

Em julho, o "caldo" engrossou com um diferencial importante: os trabalhadores e trabalhadoras entraram pesadamente nas ruas, reforçando o carater progressista das manifestações, numa greve geral como não se via desde 1989. Desta vez, o impacto foi no setor produtivo: as empresas pararam, cidades pararam por completo. Um salto de qualidade na pressão. Agora é preparar o mês de agosto como uma síntese de toda essa rica experiência. O desafio é fazer avançar de fato mudanças estruturais em pelo menos seis  eixos-chave, lembrando o Manifesto da Jornada de Lutas da Juventude Brasileira realizado em março e abril: Trabalho decente; Educação e Saúde; Passe Livre e Reforma Urbana; Reforma Política; Democratização da Mídia; Reforma Agrária.

1. Trabalho decente
 A redução da jornada de trabalho para 40h significa a geração de pelo menos 2 milhões de empregos, mas a pauta da redução da jornada significa também garantir que trabalhadores consigam estudar e ter lazer e convivência familiar. É fundamental que o poder público avance em políticas que dêem conta da redução da jornada do trabalhador estudante.

O fim do fator previdenciário é a garantia de uma aposentadoria digna para os trabalhadores.




2. Educação e saúde

O investimento em educação e saúde é condição necessária para o desenvolvimento do Brasil com valorização dos trabalhadores e da juventude. Enquanto trabalhadores da educação são desvalorizados, enquanto jovens evadem das escolas no campo e na cidade, enquanto milhões de pessoas amargam longas esperas nas filas dos hospitais,  recursos milionários são empregados em juros da dívida. Basta disso!


Queremos 10% do PIB para a educação e 10% do PIB para a saúde para termos educação e saúde de qualidade, pública e gratuitas, no campo e na cidade.





3. Passe Livre e Reforma Urbana
Superar os problemas da mobilidade urbana vai muito além do problema dos altos custos e baixa qualidade do transporte público. Somos da opinião que o passe livre para estudantes e trabalhadores desempregados tem que estar sintonizados com uma política de mobilidade urbana, mas a qualidade de vida nas nossas cidades só vai melhorar com políticas de reforma das cidades, garantindo melhores condições de moradia para a população. Precisamos enfrentar os problemas decorrentes da especulação imobiliária que relega a população de classe mais baixa para longe de seus locais de trabalho, submetidos todo o dia a um trânsito cada vez mais caótico e em condições de moradia precárias. A cidade é das pessoas, não das empreiteiras! Pelo direito coletivo de morar e usufruir de uma cidade de qualidade para todos e todas!




4. Reforma Política
A descrença na política tem origem no fato que o peso do dinheiro é o que determina a eleição da maioria de nossos representantes. Basta do peso do dinheiro determinando as eleições! Pela garantia da participação popular no processo de reforma política, com plebiscito, por uma reforma que combata o financiamento privado das campanhas eleitorais e que garanta maior participação de trabalhadores e trabalhadoras, da juventude, das mulheres, dos negros e indígenas, setores atualmente sub-representados em nosso sistema político. Queremos políticos que realmente representem a diversidade do povo brasileiro, e não represente somente quem tem grana para financiar campanhas.

5. Democratização da mídia
A era da informação e do conhecimento não será verdadeiramente democrática sem mecanismos de democratização das mídias. Quem pode se expressar livremente em jornais, revistas, televisões, rádios, senão uma meia dúzia de famílias que detém o monopólio da comunicação? Queremos a aprovação do projeto de lei da mídia democrática, por um sistema de comunicação que garanta pluralidade, diversidade e liberdade de expressão não só para empresas milionárias como o Grupo Abril, as organizações Globo, mas para o conjunto da sociedade.

6. Reforma Agrária - Campo com gente, povo contente!

A crise das grandes cidades evidencia ainda mais a pauta da reforma agrária, que democratize o acesso a terra, mas não só isso. Que garanta inclusão digital, Educação rural e profissionalização, geração de renda e cooperativismo, irrigação e infraestrutura, cultura, esporte e lazer para quem trabalha no campo, principalmente a juventude, que carente de todos esses direitos, acaba inchando os grandes centros urbanos. Campo com gente, povo contente! Reforma Agrária com valorização da agricultura familiar!


Unidos e cheios de esperança, convocamos a juventude a tomar em suas mãos o futuro dos avanços no Brasil. Que venha o mês de agosto com muitas lutas e conquistas. Caso elas não venham, ocuparemos os espaços públicos de discussão, levando aos representantes do povo suas bandeiras por um país melhor. Se o presente é de luta, o futuro nos pertence. Verás que um filho teu nunca fugiu a luta. Venceremos!

terça-feira, 16 de julho de 2013

Do Brasil de Zezé Di Camargo e Luciano ao de Michel Teló


Estava aqui matutando sobre o sertanejo universitário e nas suas diferenças do sertanejo meloso que tem como ícones Zezé Di Camargo e Luciano, Leandro e Leonardo, Chitãozinho e Xororó. Não só no ritmo, mas nos valores. E é justamente a mudança de valores que me fez escrever esse texto.

Quem era o eu lírico daquele sertanejo, vamos dizer, não universitário? Era um cara sentimental, que falava de um amor verdadeiro e geralmente estava sofrendo por esse amor. Ele pedia desculpa por chorar. Ele não conseguia se livrar das garras desse amor gostoso. Ele era um louco alucinado meio inconsequente, um caso complicado de se entender.

Já o sertanejo universitário, quem é? Ele é um cara baladeiro que acha o seu carro dentro da piscina e o celular no microondas da cozinha depois de uma noite de bebedeira. Ele faz questão de afirmar que não ta valendo nada, não se prende a um amor. Ele tira onda com o camaro amarelo, e profere onomatopeias dizendo que quer tchu e tcha, e tche tchererê tche tche, seja lá o que isso signifique.

Quem leu até aqui pode imaginar que eu seja um nostálgico do sertanejo antigo e passe a recriminar o sertanejo universitário. Não quero fazer esse juízo de valor. Mas vou ousar fazer um paralelo entre os valores e os momentos que o país viveu e vive. Apertem os cintos, aqui começa a viagem.

Os sertanejos melosos estouraram nos anos noventa, no auge do neoliberalismo, e eram o som preferido das classes mais vulneráveis economicamente. O tom depressivo das melodias refletia um jeito de vida triste de quem muito trabalhava e pouco recebia, e que quando muito sobrava um para a pinga no bar da esquina, pra afogar as mágoas.

O sertanejo universitário é o reflexo de outro momento. O momento de valorização do salário mínimo, popularização da universidade, aumento do poder aquisitivo da classe trabalhadora. O sertanejo universitário é a geração que viu seus pais amargurados sofrendo por amor e condições de extrema vulnerabilidade e que não querem isso para si, e não precisam disso, pois tem condições para fazer farra, tirar onda, paquerar sem compromisso, e optam por isso mesmo.


Passados dez anos de um governo que mudou a composição da sociedade, cabe muitas indagações. A que talvez resuma todas elas é: para onde vamos agora? O que queremos? Pode até ser divertido ficar doce, doce, doce, mas é preciso ter um dedo de prosa com essa meninada. Eles precisam fazer mais com essa nova condição do que só querer tchu e querer tcha. 

Em entrevista a revista Princípios, André Singer provocou o conjunto da esquerda dizendo que ela não estava se dedicando tanto quanto deveria ao trabalho de ganhar corações e mentes para projetos mais avançados de sociedade. Concordo. Não basta apenas criar condições objetivas de empoderamento da classe trabalhadora. Se essa classe trabalhadora não se enxerga como sujeito político, ela pode se perder buscando mais do mesmo: a ilusão consumista e individualista que o capitalismo em crise continua vendendo. 

Sem dúvida o Brasil de Michel Teló é melhor que o Brasil de Zezé Di Camargo e Luciano. Prefiro ver o povo feliz, querendo tchu e tchá, do que chorando misérias. Mas será que é só isso que queremos? Aumentar a capacidade de consumo? E os valores? E a capacidade de se preocupar com o coletivo? 

As passeatas de junho demonstraram que as pessoas precisam mais do que está colocado, ainda que não haja um projeto consensual. Em julho, aqueles que não acordaram agora foram às ruas pra dizer de todas as suas lutas e bandeiras históricas. Que tal em agosto promover a síntese desses movimentos?