quarta-feira, 4 de abril de 2012

O futuro do Bairro Lami



A vontade de conhecer melhor Porto Alegre me levou ao extremo sul da cidade, ao bairro Lami,  num bate papo com os estudantes do Ensino Médio da Escola Oscar Coelho de Souza em agosto do ano passado. A impressão que tive daquela conversa, o sentimento de abandono que aqueles jovens manifestaram, ao atestarem a falta de transporte público, equipamentos de lazer, esporte, oportunidades de trabalho, me chamou muita atenção. Registrei no meu blog as impressões que tive na ocasião, mas minha atenção retornou ao Lami quando a deputada Manuela D'Ávila foi ao bairro em janeiro deste ano no projeto bairro a bairro, onde ela tem visitado vários lugares da cidade para captar "as principais necessidades e vulnerabilidades de todas as regiões".

"Vamo falá do nosso Lami"
Para tentar entender melhor o Lami comecei a pesquisar o que a UFRGS estava escrevendo sobre ela e encontrei um estudo de mestrado de 2007 da cientista social Fernanda Rechemberg, intitulado "Vamo falá do nosso Lami". A dissertação me interessou porque tratava-se de um estudo antropológico que resgatava a memória dos moradores mais antigos do Bairro. De certa forma, eu pude juntar aquele bate papo que eu tive com os jovens com as memórias que li nesse estudo dos mais antigos, e várias ideias foram se formando na minha cabeça, do presente e do passado fermentando e produzindo o futuro desse lugar que é parte importante de Porto Alegre.

 As mudanças do bairro Lami
É muito claro que o Lami vem se modificando com o tempo. O perfil das pessoas tem mudado, em função do loteamento de várias terras antes ligadas a agricultura, e o presente já apresenta uma maioria da população que trabalha em atividades urbanas. Essas mudanças, no entanto, não foram acompanhadas suficientemente pelo poder público, que ainda não fornece cobertura suficiente de transporte, saneamento, hospitais, segurança, escolas, praças, etc. Mas, ao mesmo tempo que o Lami se urbaniza, ele reafirma a sua vocação rural e ecológica. Ou seja, se é verdade que o Lami afirma a necessidade de trazer o lado bom do chamado "progresso", que são toda a infraestrutura necessária ao deslocamento e a manutenção da qualidade de vida dos moradores, ela também afirma a necessidade de não perder sua identidade de território ecológico e rural. 

Turismo rural
Fernanda dedica um trecho importante de seu estudo ao crescimento do turismo rural no Bairro, onde relata o crescimento do interesse principalmente das classes médias e altas pela "agricultura, artesanatos, floricultura, educação ambiental, produtos coloniais e a criação de cavalos e outros animais". Ela informa que em função disso, um grupo de moradores e produtores da região sul de Porto Alegre elaborou o projeto "Caminhos Rurais" em parceria com agências de turismo e a EMATER/RS. Soma-se a esta informação o relato da visita de Manuela ao extremo sul, onde ela anotou ter tomado café da manhã "com uma produtora de alimentos orgânicos e que defende o fortalecimento e o incremento do turismo rural". Este parece ser um caminho a ser aproveitado para valorizar o imaginário coletivo rural do bairro ao mesmo tempo preservando a natureza e freando a urbanização descontrolada. No entanto, o turismo rural deve ser acompanhado de uma eficiente cobertura de equipamentos urbanos que confiram qualidade de vida às pessoas do Lami.

Atenção do poder público
A sensação de abandono que os moradores relatam tanto na tese de Fernanda, quanto no bate-papo que tive com os jovens, e só que só se confirmam na visita de Manuela, não se resolverão somente com o turismo rural. O Lami precisa de atenção todo ano, e não somente quando recebe visita dos turistas, que é principalmente no verão. "Atenção" se traduz em saneamento básico, coleta de lixo, mais linhas de ônibus, criação de oportunidades de lazer e geração de renda, etc. Parece que um projeto sustentável para o Lami deve saber fazer a síntese adequada entre a necessidade da valorização as tradições e a memória dessa comunidade e a necessidade de garantir um futuro para as novas gerações. Receitas não existem, mas todas as soluções devem ser dialogadas com a comunidade.

Texto de Igor Corrêa Pereira

Saiba mais: 


quinta-feira, 29 de março de 2012

Pronunciamento União e Olho vivo na AssufrgS*

Leia a íntegra do procunciamento do Núcleo da CTB na UFRGS no Congresso da AssufrgS, que será apresentado na Assembleia Geral da UFRGS na Faculdade de Direito hoje 29/03 às 14h.


Boa tarde companheiros e companheiras


É uma honra estar aqui com a Luci defendendo uma tese assinada por tantos companheiros que ajudaram a construir a história da AssufrgS. Tem no meu grupo União e Olho Vivo na AssufrgS vários colegas talvez mais qualificados do que eu pra defender essa tese, posso aqui citar o Neco, a Tônia, o Arthur, a Marisane, a Joana, e tantos outros, mas foi uma escolha coletiva colocar aqui o mais jovem e uma mulher pra defender essa tese.

Porque um jovem?
Um jovem porque nossa universidade mudou seu perfil, graças a luta que a maioria de vocês participou nos anos noventa. Eu tenho três anos de casa, mas eu ouço as histórias que meus colegas contam, de um tempo em que a Universidade não tinha dinheiro pra pagar a luz. Um tempo que a Universidade ia fechar as portas pq estava sucateada. Um tempo que eu não vivi, mas que eu ouço falar. É um tempo que foi superado. 

Foi superado por que eu entrei na Universidade junto com 545 novos servidores técnico-administrativos de 2008 pra cá, na maior renovação de quadros da história. É daqui que a gente tem que partir, pra conquistar mais vitórias. É preservando o acúmulo daquela história de resistência dos anos noventa, mas envolvendo esses mais de quinhentos jovens que entraram na UFRGS, temos a tarefa de envolver essa nova geração na luta por uma Universidade cidadã para os trabalhadores e para o Brasil.

Pq esses concursos são conquista, mas só estão preenchendo uma lacuna de mais de dez anos sem concursos. O presente vai exigir de nós muita luta. Muita luta pq o nosso velho inimigo, o neoliberalismo que tanto sucateou as Universidades e tanto prejudica a vida dos trabalhadores, não foi derrotado. Está lá no governo Dilma. O governo Dilma, ao mesmo tempo que apresenta alternativa, ainda afirma o neoliberalismo quando corta R$55 bilhões do orçamento pra saúde e pra educaçao. Quando propõe uma reforma da previdência que representa um grande risco para os servidores, que é esse fundo de previdência complementar, que merece todo nosso repúdio.

Nós temos que combater o neoliberalismo afirmando a vergoha que é um país que é a 5º maior economia do mundo ser o 88º no quesito educação, que não consegue avançar na bandeira de 10% do PIB, não consegue ter dinheiro pra aumentar nosso sallário pq tá amarrado aos interesses do pagamento de juros extorsivos. Tem dinheiro pra banqueiro mas não tem pra educação, não tem pro nosso aumento. Por isso o tempo é de unidade. 

Por conta de disputas menores, a FASUBRA tem se perdido, tem perdido o foco nos debates que nos interessam, como a necessário debate sobre a carreira. O Plano de Carreira foi uma conquista, mas a carreira é dinâmica, e precisa ser repensada. Tem várias distorções, que vão desde o reposicionamentos dos aposentados, resolução do VBC, a atualização dos percentuais de incentivo a qualificação, o aumento dos níveis de capacitação, agora precisa ter proposta. Todo mundo sabe os problemas, mas é preciso apontar soluções. E aqui eu falo com propriedade pq tenho a Marisane que participa da CIS pra tentar achar soluções pra esses problemas da CIS, e não ficar na disputa interna que não ajuda em nada pra categoria.

Senão a gente cai numa greve como aquela última, que não tinha pauta clara, e que por isso não mobilizou a categoria. Uma greve que foi conduzida com base na desconfiança e do atrito interno, que não soube a hora de sair pra negociar, e que não ganhou nenhuma pauta enquanto os docentes e outros servidores federais ganharam aumenmto sem entrar em greve. Teve luta mas não teve unidade, o resultado foi a derrota de todos.

Eu disse que a escolha coletiva desse movimento UNião e Olho Vivo foi a de que um jovem e uma mulher defendesse a tese. Passo a palavra com toda a honra para a Luci, grande guerreira da CSD, mulher trabalhadora da UFRGS e pra encerrar, queremos ser delegados na FASUBRA pra tocar com unidade as questões que interessam aos técnicos, a Universidade e ao povo brasileiro. Obrigado.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Trabalhadoras assalariadas conquistam “meio caminho” no combate a discriminação salarial


O economista técnico da Fundação de Economia e Estatística (FEE) do Rio Grande do Sul André Luiz Leite Chaves elaborou um estudo sobre a discriminação salarial, por gênero, para os Trabalhadores assalariados da Região Metropolitana de Porto Alegre. Neste estudo, ele chega a conclusão que o diferencial de salário entre homens e mulheres é explicado somente pela discriminação, visto que o investimento em escolaridade da mulher é superior ao dos homens. O rendimento das trabalhadoras é menor em todas as regiões do Brasil. Para coibir esta discriminação, o Senado federal aprovou nesta terça (06/03) multa a empresa que pagar salário inferior à mulher quando ela realizar a mesma atividade que o homem. A lei deve ser sancionada pela presidenta Dilma. 

Mulheres negras são as mais discriminadas
A pesquisa de Chaves demonstra que as mulheres negras assalariadas são ainda mais discriminadas que as brancas. Chaves concluiu que um homem branco assalariado com mesmo tempo de estudo e experiência profissional que uma mulher branca terá melhor retorno que esta, sendo a situação ainda mais desfavorável para a mulher negra. O retorno salarial para tempo de estudo e experiência salarial é menor gradativamente para mulheres brancas e negras, conforme demonstra o quadro abaixo. 


Diferença de retorno salarial ante a escolaridade e experiência profissional entre homens brancos, mulheres brancas e mulheres negras na Região Metropolitana de Porto Alegre 


Retorno salarial à escolaridade
Retorno salarial à experiência profissional
Homem Branco
14,4%
5,9%
Mulher Branca
14,4%
4,1%
Mulher Negra
9,9%
3%

Fonte: André Luiz Leite Chaves

Multa a empresas é “meio caminho andado”, afirma sindicalista
A comerciária e integrante do Coletivo de Mulheres da CTB do RS Izane Matos comemora a aprovação da multa no Senado, mas alerta que é só "meio caminho andado". Para ela, a penalidade é um avanço, mas a implementação efetiva da lei "vai depender da luta dos sindicatos e das centrais, e da coragem das mulheres denunciarem abusos das empresas", afirma. 
Texto de Igor Corrêa Pereira

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quarta-feira, 7 de março de 2012

Moradores da Vila Dique vivem sem água, luz e esgoto

Foto da Vila Dique, que faz divisa com Aeroporto Salgado Filho. Fonte: Jornal do Comércio




A constatação das precárias condições dos moradores da Vila Dique, vizinha do Aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre/RS, é da Comissão Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) da Câmara Municipal de Porto Alegre. Os vereadores visitaram a Vila nesta terça-feira (6/3) e manifestaram perplexidade com as imagens de casas destruídas na Vila Dique, sem que os moradores tivessem destino. 

A visita dos vereadores se deve a inúmeras denúncias de irregularidades sobre o recente processo de reassentamento realizado pelo Departamento Municipal de Habitação (Demhab) da Prefeitura na Vila Dique. O destino previsto para os moradores é um loteamento construído na Zona Norte, e eles estão sendo removidos por causa da ampliação do Aeroporto. A cobertura da imprensa empresarial não deu uma linha sobre as denúncias. Segundo relato dos vereadores, a Vila apresenta "séria falta de condições para as famílias que residem nas moradias do local, onde há pessoas doentes, crianças, grávidas e portadores de deficiência física que vivem sem água, luz, esgoto".

Está agendada para a próxima terça feira (13/03) reunião onde participará a Cedecondh, o Demhab e os moradores da comunidade. Nessa reunião, serão apresentados os documentos que comprovam irregularidades no reassentamento, lista de inscritos que residem há  cerca de 20 anos na Vila Dique e não foram contemplados e fotografias que evidenciam a falta de segurança urbana e a existência de residências em áreas de risco.


Com informações de Angélica Sperinde, asssessoria de imprensa da Câmara Municipal de Porto Alegre.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Caminhada em defesa do trabalho dos músicos toma as ruas de Porto Alegre

O decreto polêmico que pretende restringir a execução de música ao vivo em Porto Alegre,  de autoria do prefeito Fortunati, foi alvo de uma passeata organizada por músicos que trabalham no bairro boêmio da cidade na noite de ontem (28/02). Também está sendo organizada na internet um abaixo assinado contra o Decreto, destinado a Secretaria de Indústria e Comércio do Município. A petição on line pode ser lida e assinada clicando aqui.

A proposta de decreto, ainda não assinado pelo prefeito, estabelece um horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais noturnos proibindo música ao vivo em locais que não sejam considerados casas noturnas. Em outras palavras, todos os botecos, que fazem a alegria dos frequentadores da noite do bairro, com vários pontos de música ao vivo. A petição on line alerta que a medida tiraria o direito ao trabalho de vários profissionais, além dos músicos. 

O músico Juliano Luz, um dos organizadores da Caminhada realizada ontem, considerou o grande fluxo de pessoas um sucesso. "Que evento lindo! Muito mais gente que a gente esperava! Muito obrigado a todos que apóiam essa causa!" escreveu ele no facebook ontem. Para Gabi Tolloti, uma das participantes do evento, a caminhada foi bem-sucedida, mas não significa a garantia da derrota do decreto. "É um avanço, mas ainda não vencemos!", destaca ela. 
Texto de Igor Corrêa Pereira
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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

FNRU critica política habitacional de Porto Alegre


Um conjunto de 19 entidades integrantes do Fórum Nacional de Reforma Urbana está mobilizando a sociedade civil para a instauração do Fórum Sul de Reforma Urbana. Na carta-convite para a reunião que discutirá a criação deste Fórum, as entidades denunciam o governo municipal de Porto Alegre de "violações aos direitos humanos" que se materializam na capital gaucha e em outras cidades "através dos despejos massivos, da periferização da pobreza, da apropriação privada dos espaços públicos e da reserva de áreas para os projetos do capital". 

O documento critica  a política de habitação do governo municipal frente aos preparativos para sediar a Copa do Mundo de 2014. O governo Fortunati "se abre ao mercado imobiliário e permite este se espraiar na cidade promovendo remoções (...) da população pobre para áreas sem infraestrutura", dispara o texto. A reunião de instauração do Fórum Sul de Reforma Urbana será dia 03 de março de 2012, das 09 às 16h, na Assembléia Legislativa do Estado do RS, localizado na Praça Marechal Deodoro, 101 - Porto Alegre/RS.

Para ler a integra da carta-convite, clique aqui

 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Muamba de Campo Bom resgata a cultura popular


A 1ª Muamba Comunitária de Carnaval de Campo Bom/RS realizada dia 17/02/12 mobilizou mais de 500 pessoas que reinscreveram o carnaval no circuito cultural da cidade. Contrariando a alegação conservadora que proibiu esta celebração na cidade sob o argumento de que a festa proporcionava violência, nenhuma briga foi registrada. Pelo contrário, o ambiente festivo e familiar predominou na noite de folia, cobrindo de êxito a iniciativa da União das Associações de Bairros e Vilas (UABV). Confira algumas fotos da Muamba do dia 17 e do carnaval na cidade vizinha Sapiranga, realizado dia 18 aqui no blog: 

Fórum Mundial da Bicicleta pode instigar a necessidade de um Plano Cicloviário

Começa amanhã  e vai até 26 de fevereiro o primeiro Fórum Mundial da Bicicleta. O evento ocorre na cidade de Porto Alegre e é uma iniciativa de usuários de bicicleta da cidade e empresários do setor de comércio e serviço. Confira a programação clicando aqui. O evento, que marca um ano do atropelamento intencional que ocorreu contra ciclistas de Porto Alegre (25/02/11) já ocorre sob um clima de maior conscientização do poder público sobre a importância da construção de soluções sustentáveis de mobilidade urbana.

SEMA RS promoveu passeio ecociclístico

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente do RS tem ser revelado um importante interlocutor com as pessoas que reivindicam a importância da bicicleta para a promoção da mobilidade urbana. Já na abertura da Semana Estadual do Meio Ambiente do ano passado foi realizado um passeio ecociclístico do Parque Marinha do Brasil até o Jardim Botânico. Foram mais de 6km de pedalada sob o frio de seis graus do inverno porto-alegrense. Nessa ocasião, a secretária da SEMA, Jussara Cony (PCdoB), fez questão de destacar: "Nós temos que fazer desse evento um símbolo. Porto Alegre, o Estado e País precisam ter ciclovias, sob o ponto de vista da sustentabilidade ambiental, da nossa saúde e de todo processo coletivo".

Região Metropolitana de Recife discute mobilidade urbana

O Parlamento Metropolitano, entidade formada pelos vereadores dos 14 municípios que integram a Região Metropolitana do Recife, realizou em dezembro de 2011 uma audiência pública sobre mobilidade urbana, tendo como principal objeto da discussão, a criação de ciclovias. Nessa audiência foi discutida a inserção da bicicleta no sistema de transporte, tendo como públicos-alvo, o trabalhador e o estudante. O coordenador do programa Ciclovia nas Cidades de Pernambuco Marcelo Bione, informou que a Região Metropolitana do Recife já dispõe de 73,4 km de ciclovias e ciclofaixas e assegurou que o Governo pernambucano vem tomando várias medidas de incentivo, como uma Lei de Estacionamento, o Plano Diretor Cicloviário da Região Metropolitana de Recife e a Lei Estadual de Incentivo ao uso da bicicleta.

Por um Plano Diretor Cicloviário da Região Metropolitana de Porto Alegre

A bicicleta é um meio de transporte utilizado muitas vezes como alternativa ao transporte público ou ao carro, e merece ser alvo de maior atenção do poder público municipal. Apesar de anunciar a construção de mais de 45 km de ciclovias para a Copa do Mundo de 2014, a prefeitura de Porto Alegre não têm fomentado a cosntrução de um Plano Diretor Cicloviário que pense a Região Metropolitana no seu conjunto. Uma parcela significativa da população utiliza a bicicleta como um meio de transporte para trabalhar ou estudar. Essa prática deve ser incentivada por meio de políticas públicas articuladas, que vão desde a educação ambiental até a construção de meios seguros para a circulação das bicicletas. O Fórum Mundial da Bicicleta pode ser mais um momento para instigar esse debate necessário que infelizmente a Prefeitura não têm enfrentado.

Texto: Igor Corrêa Pereira, com informações do Blog ONGCea, SEMA RS, Prefeitura de Porto Alegre e Câmara Municipal de Recife.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O sonho do carnaval pode virar realidade

Este sem dúvida já é  o ano em que eu mais vivi na pele e na alma o carnaval. Já antes de desfilar no Porto Seco com a Imperatriz Dona Leopoldina nesta sexta dia 17/02, pude participar da linda homenagem que a Central d@s Trabalhador@s do Brasil (CTB) fez ao carnaval, lançando seu samba enredo em plena Marcha de Abertura do Fórum Social Temático em janeiro. A linda música composta pelos jovens Mestre Fabio Lolo, Andrei do Cavaco e Renan SN tomou conta do Fórum que nasceu para cantar outro mundo possível. 

O sonho do Fórum se fundiu ao sonho do carnaval. O resultado dessa mistura mágica fez uma abertura que conquistou a população de Porto Alegre. A população que espera ônibus e vê sua ida pra casa atrasada por uma Marcha que lhe parece estranha, desta vez se sentiu chamada a sonhar também.

Existe um sentimento muito bonito que está invadindo as pessoas. Um sentimento de auto-estima, de brasilidade, que se percebe muito forte no carnaval, com muitos enredos contando aspectos do Brasil. O Brasil está se gostando mais, se assumindo em sua cultura, sua música. Isso é perceptível na alegria do primeiro aluno matriculado no curso de Música Popular da UFRGS. Sim eu estava lá. Se Oxalá permitir, poderei contar aos meus netos que eu estive presente nesse momento especial em que a Música Popular finalmente ingressou na Academia.

Leci Brandão disse que a avenida carrega consigo o poder do sonho e Joasinho Trinta afirmou que carnaval é o único momento de irrealidade. Os dois mestres do samba falavam desse mesmo fenômeno da dona de casa que vira rainha e do pedreiro que vira guerreiro romano na avenida. Sonho ou realidade? O que Leci chamou de sonho e Joãosinho Trinta de irrealidade, na verdade tem o mesmo significado simbólico. A magia do carnaval se explica por esse momento de libertação do povo trabalhador, explorado pelo patrão, que pega ônibus apertado todo o dia, mas que tem na avenida seu momento de glória. Nossa luta é para que esse momento se prolongue. Se eternize. O sonho pode virar realidade. Tá aí a definição do socialismo à brasileira: socialismo será quando  a magia do carnaval durar o ano inteiro.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O 2º BlogProgRS e o Direito Humano a Comunicação


Organizadores do primeiro Encontro de Blogueir@s do RS convidam interessados a participar de reunião para tratar do segundo encontro estadual. A próxima reunião, aberta ao público, ocorrerá no dia 29 de fevereiro, às 18h30min, no Ponto de Cultura La Integracion, Rua Santana 260.

O primeiro Encontro Estadual de Blogueir@s do RS, realizado em maio de 2011, surgiu baseado na conviccão de que a comunicação é um direito humano, mas que no Brasil vem sendo "tratada como um produto, de acordo com a lógica de mercado, que transforma direitos em privilégios de uma pequena parcela da população, tornando-se, assim, uma ferramenta de opressão e marginalização". 
 
O Encontro de blogueir@s é uma reflexão sobre o significado do surgimento da blogosfera enquanto fenômeno democratizante da mídia. O blog é uma plataforma que possibilita dar vazão ao anseio social por comunicar-se. O direito humano a voz, o direito humano a liberdade da expressão, com o surgimento da blogosfera, ganha novo sentido e se fortalece. 

O Conselho Estadual da Comunicação

 Para avançar no caminho de se compreender a comunicação como um direito humano, é preciso reivindicar a criação no RS de um Conselho Estadual de Comunicação aos moldes do que foi já criado na Bahia no dia 10/01 deste ano. A criação de um Conselho de Comunicação significa o reconhecimento do Estado de que a comunicação é um direito de tod@s, que podem por isso participar da execução de políticas públicas para democratizar a comunicação, garantindo a ampliação do acesso aos meios de expressão. 

A criação do Conselho de Comunicação na Bahia nos dá subsídios ao debate aqui no RS. É preciso reunir num mesmo espaço de diálogo todos os segmentos envolvidos na questão da comunicação para juntos formular políticas nessa área, da mesma forma como acontece em outras áreas. 

O desafio está lançado. Tod@s convidados a construção do 2º BlogProgRS fortalecendo a comunicação com direito humano.

Leia mais:

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Campo Bom vai ter carnaval sim senhor!



A União das Associações de Bairros e Vilas de Campo Bom/RS (UABV) mobilizou-se e conquistou pela primeira vez em dez anos uma atividade de carnaval de rua na cidade. A 1ª Muamba Comunitária de Campo Bom ocorrerá no dia 17 de fevereiro de 2012 das 19h30min às 24h no Largo Irmãos Vetter.

Pela volta do carnaval

O carnaval, que era bastante ativo na cidade, foi gradativamente proibido no governo Giovani Feltes (PTB/PMDB), com o pretexto de "ser muito violento". Segundo o dirigente do Sindicato dos Sapateiros da cidade e integrante do coletivo da CTB Tiago de Souza, a proibição é uma forma de "apagar" a cultura afro-brasileira e dos trabalhadores, que têm uma importante participação na história da cidade. "Tínhamos um carnaval bastante animado em Campo Bom, cada bairro tinha seu bloco, e tínhamos umas quatro escolas grandes", recorda.

O evento foi gradativamente sendo proibido. Neste ano, graças a mobilização da UABV, sob a presidência de Sandro Luiz dos Santos, e do carnavalesco da Escola de Samba de Sapiranga Emilio Cacote,  será realizada uma muamba na Praça central da cidade. O evento, que tem apoio do Sindicato de Sapateiros, União de Estudantes, Centro cultural Marcelo Breuning, Movimento de Igualdade Social e Associação para o Desenvolvimento Social e Humano da cidade, é de inteira iniciativa dos movimentos. A expectativa é que a festa marque o retorno dos anos dourados do carnaval da cidade. O blog Igor de Fato deseja sucesso a essa iniciativa de promoção da cultura popular.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

"Nenhuma escola será campeã antes da Imperatriz passar na avenida!"


A Escola de Samba do grupo especial de Porto Alegre Imperatriz Dona Leopoldina esquenta os tamborins para o desfile no sambódromo do Porto Seco dia 17/02, às 21h. No ensaio na quadra da Escola realizado dia 08/02, o presidente Mauricio dos Santos Nunes afirmou a disposição e a preparação da agremiação para entrar na Avenida e respondeu aos ataques feitos pela RBS, que veiculou em seus meios de comunicação que a Escola não é favorita ao título. "Nenhuma escola será campeã antes da Imperatriz passar na avenida!" bradou ele, levando ao delírio as centenas de pessoas que lotavam o lugar. Hoje (10/02) é a muamba da Escola no Porto Seco, último ensaio da Laranja e preto antes de entrar na avenida. A muamba está prevista para as 22h30min e é aberta ao público geral. Participe!

Confira o vídeo do Samba-enredo da Imperatriz Dona Leopoldina, e leia a letra abaixo.



75 ANOS DE CARA PINTADA DE BRASIL

“UNE somos nós, nosso Samba, nossa Voz!”
Autores: Emerson Dias, Mingau e Andy Lee



Minha coroa faz você tremer
Meu pavilhão é que me faz chorar
No samba, hoje a UNE somos nós
Comunidade Imperatriz é nossa voz

Avante, a nossa marcha começou
Coragem é a vanguarda juvenil
Em tempos de mexer balangandãs
Buscavam esperança pro Brasil
Na fé vão quebrando barreiras
A “PAZ” era a sua bandeira
Rebelde sim, de coração
O que é nosso ninguém tira, vale ouro
Legalidade, liberdade de expressão

Do Mané pro Pelé a galera gritou.. É gol, é gol!
Um estilo dançante tão lindo surgiu
Dos anos dourados, a lembrança ficou
A força da União Estudantil

Tormenta, repressão, tirania... o povo não agüenta
Do lado mais fraco a corda arrebenta
Um clamor pelas ruas se fez ecoar
Caminhando, cantando, seguindo a canção
Somos todos iguais, armados ou não
Quero seguir... é proibido proibir
De cara pintada meu anseio é maior
E mostro a cara pro futuro ser melhor
O tempo não pára, o sol vai nascer
Sou um guerreiro LEOPOLDINA até morrer


sábado, 4 de fevereiro de 2012

Fonseca: "Um projeto nacional é absolutamente necessário para o país"


"Um projeto significa colocar a opção política na frente  das decisões econômicas, ter consciência quanto a um rumo que se quer tomar e subordinar o mercado e as decisões privadas a essas diretrizes".


O economista, professor e pesquisador Pedro Cezar Dutra Fonseca têm um currículo invejável. Ex-vice-reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) entre 2004 e 2008, foi o ganhador do prêmio Pesquisador Gaúcho 2011, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS).  Fonseca é considerado Pesquisador Destaque na área de Economia e Administração. Em janeiro deste ano, aceitou gentilmente palestrar sobre a crise do capitalismo num debate proposto pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) realizado em Porto Alegre/RS no acampamento da juventude do Fórum Social Temático. Nesta ocasião, concedeu entrevista exclusiva ao Portal da CTB, na qual afirma que a onda liberal de desregulamentação bancária e aumento de gastos com guerras dos Estados Unidos e países ricos da Europa nos anos 80 e 90 contribuiu para o agravamento da crise do capitalismo, e declara a necessidade de um projeto nacional que coloque "a opção política na frente  das decisões econômicas". Leia a entrevista na íntegra aqui:
Por Igor Corrêa Pereira*



Pergunta: O senhor citou numa entrevista o pensamento de Celso Furtado de que a política econômica não pode ter sua  estabilização como um fim em si mesmo, sendo o fim último a melhoria do bem-estar, o que se consegue com mais renda e emprego. Essa afirmação tem implícita a disputa de concepção entre o neliberalismo e o chamado novo desenvolvimentismo, sendo Furtado um teórico associado a segunda concepção. Na sua opinião, a atual crise do capitalismo é uma consequência da opção política dos países centrais do sistema pela doutrina neoliberal?

Pedro Fonseca: As crises cíclicas constituem característica inerente das economias capitalistas. A crise econômica é resultado da opção política dos governos dos países centrais, mas apenas em parte. De um lado, é claro que a onda liberal das décadas de 1980 e 1990 aumentou a desregulamentação do sistema bancário em países como Estados Unidos e Reino Unido e isso contribuiu para a majoração da crise a partir de 2008. Também o gasto público aumentou, especialmente na área de segurança (guerras) a partir de Reagan, ao mesmo tempo em que se cortava impostos, especialmente dos mais ricos. Os governos republicanos tentaram, então, manter o equilíbrio orçamentário através do corte dos gastos sociais, mas esta medida não foi suficiente para cobrir o volume dos gastos de guerra. Mas há razões que vão além das simples opções políticas de um ou outro governo, pois são estruturais e decorrem da própria lógica do sistema, ou seja, da expansão cada vez maior das transações financeiras e do chamado “capital fictício”. De um lado, a dificuldade de os governos e os bancos centrais criarem legislações nacionais e internacionais que estabeleçam marco regulatório à mobilidade de capitais. Por outro, a emergência da China não só como concorrente na produção de itens industriais mas como financiadora e credora de países centrais, como os Estados Unidos. Estes conseguiram manter um alto nível de consumo via endividamento, que obviamente teria limite. A situação a qual chegamos é inusitada: a nação hegemônica passou de credora e exportadora de capitais para devedora, possui balanço de pagamentos deficitário e ainda emite a moeda reconhecida como das trocas internacionais (o dólar). E não tem força suficiente para fazer com que a China reverta a política de desvalorizar sua moeda.

Pergunta: As centrais sindicais estão realizando atos pela redução de juros como forma de geração de mais empregos, e reivindicando em favor de um projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho. Por muito tempo, a ideia do projeto nacional foi considerada coisa do passado. Com a crise do modelo capitalista em nível global e a notável emergência do Brasil e outros países do Sul do mundo, a ideia do projeto nacional pode voltar a tona como uma possibilidade de superação da crise? Em caso afirmativo, seria este Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento aos moldes do que Goulart e mesmo os militares implantaram no Brasil?

Pedro Fonseca: Entendo que um projeto nacional e absolutamente necessário para o país. Ele significa a busca de um consenso, por mínimo que seja, sobre o que denominamos “longo prazo”: para onde queremos ir, como o Brasil se inserirá em mundo cada vez mais competitivo, em que setores industriais e agrícolas iremos colocar as fichas para uma aposta no futuro. Um projeto significa colocar a opção política na frente  das decisões econômicas, ter consciência quanto a um rumo que se quer tomar e subordinar o mercado e as decisões privadas a essas diretrizes. Projeto não significa abolir o mercado como apregoa o pensamento neoliberal, mas delimitar seu espaço, ou seja, fazer com que o público predomine sobre o privado. Mas claro que um projeto nacional hoje deve ser diferente da época de Goulart ou dos governos militares. Hoje o Brasil já é uma nação industrializada, a economia mais internacionalizada, a agricultura com liderança mundial em vários segmentos. O projeto tem de ser outro, o que não muda é a necessidade de se ter um projeto. Por exemplo: a opção do Brasil de ser exportador de commodities para atender a demanda chinesa é algo que deve ser um modelo para o desenvolvimento futuro, ou uma situação que sem dúvida deve ser aproveitada, mas sem correr o risco da desindustrialização? Há sentido em se comprar calçados asiáticos e fechar as fábricas do vale do Sinos? Como sustentar o crescimento de amplas faixas de população que saem da linha da pobreza e passam a demandar mais alimentos, vestuário, transportes, educação, segurança? Que setores sustentarão o nível de emprego em uma sociedade com intenso progresso tecnológico e com conseqüente liberação de mão de obra? Há questões de vulto a serem enfrentadas e respondidas; um projeto tenta concatenar e estabelecer prioridades e prazos. Se a sociedade não fizer isso de forma organizada e politizada, as respostas virão de qualquer forma – e, na maioria das vezes, de forma trágica, aumentando as desigualdades e os problemas econômicos e sociais.


*Igor Corrêa Pereira é blogueiro, técnico da UFRGS e membro do Coletivo de Juventude da CTB/RS.
Foto de: Maria Carolina Ouriques de Bittencourt

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

No acampamento do FST, CTB discute a crise do capitalismo mundial

Durante o calor da tarde de 25/01, o importante debate reuniu jovens e trabalhadores do Brasil e do mundo para pensar novos rumos para o país
Foi dada a largada do Fórum Social Temático. Mais de cinco mil participantes de todos os estados do Brasil e do mundo transitam pelas ruas de Porto Alegre para participar das atividades que acontecerão nos próximos quatro dias. Nesse ritmo de reflexão e troca de ideias, durante a tarde desse segundo dia de evento, um importante debate no acampamento mobilizou os presentes: “A crise do capitalismo e a juventude”.

Durante cerca de 3 horas, nem mesmo o calor intenso de quase 40 graus dispersou os participantes. A atividade contou com a participação do secretário nacional de Juventude da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Paulo Vinícius; do professor de economia da UFRGS, Pedro Cezar Fonseca; e do cordenador das centrais sindicais do CONESUL, Martin Pereyra. Durante o debate, os debatedores exploraram a fundo as causas e consequências da atual crise do capitalismo mundial no Brasil e no mundo e discutiram a participação da juventude na conjuntura atual.
Juventude é a mais prejudicada com a crise

O economista e professor da UFRGS falou sobre a atual situação dos Estados Unidos. “Os EUA realmente é o país onde a desigualdade social relativa mais se apronfundou na última década, principalmente, entre os jovens, que estão cada vez mais sem perspectiva e também sem trabalho”, exemplificou. Martin Pereyra questionou o papel da juventude nesse mesmo contexto.

Dando prosseguimento ao debate, Paulo Vinícius analisou o panorama mundial que vigora há cerca de 20 anos, desde que o muro de Berlim caiu em 1989. “Nunca houve tanta guerra e miséria na humanidade e entre a juventude. Não há espaço para os jovens trabalharem nessa crise capitalista”, disse. O sindicalista foi além e lançou uma provocação aos presentes: “Esse momento oferece espaço para que os governos de esquerda da América Latina se organizem, se unam e contestem o imperialismo americano e europeu”, convocou.

Um ponto foi consenso entre os participantes da mesa, o reflexo da crise econômica que chega ao Brasil é fruto da “opção da elite brasileira por não desregulamentar o atual sistema bancário de capital”, na opinião do professor.  Paulo Vinícius concordou e disse que é preciso “acabar com a aliança venenosa que ainda existe entre nosso governo e o sistema financeiro”.

 Ao final da atividade, o clima era de luta e de mudança. André Torkarski, presidente nacional da União da Juventude Socialista (UJS), que esteve presente no debate, convocou todos para discutir um novo projeto para o país: “Podemos afirmar que um novo mundo é possível e, mais do que isso, necessário. A expressão da crise no centro do capitalismo é prova de que temos que nos organizar. Estamos aqui no FST para isso”.

De Porto Alegre,
Camila Hungria
Fonte: Portal da UNE

UNE: Sob sol e chuva, Fórum começa em POA em grande marcha

Ao som do samba-enredo em homenagem aos trabalhadores brasileiros, estudantes saúdam o início do Fórum Social Temático 

Durante a ensolarada tarde da última terça-feira (25), as ruas do centro de Porto Alegre foram tomadas por representantes de movimentos sociais e de diversas organizações não governamentais, participantes da marcha de abertura do Fórum Social Temático (FST), que acontece na cidade entre os dias 24 a 29 de janeiro e tem como tema “Crise capitalista e justiça social e ambiental”.

A caminhada começou sob sol escaldante no Largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Municipal, e terminou sob intensa chuva no anfiteatro Pôr do Sol, onde aconteceram apresentações culturais. Segundo a organização do FST, a marcha reuniu 20 mil pessoas ao longo do trajeto. Durante o ato, do alto do carro de som, acompanhada pela escola de samba Cruzeiro do Sul, Maria das Neves, diretora da UNE, puxava palavras de ordem para a multidão: “Viemos aqui de peito aberto para dizer que a Amazônia é nossa, o Brasil é nosso e que queremos construir um mundo mais justo!”.
 
Meio-ambiente é tema central

Essa edição do Fórum Social Temático traz mais de 900 atividades autogestionadas e é uma etapa preparatória para a conferência Rio+20, que acontecerá na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 4 a 6 de junho. O clima do encontro, que reúne participantes de todos os cantos do Brasil e do Mundo, é de pensar e propor alternativas de desenvolvimento para o país.

“O Fórum Social Temático volta para discutir a superação do capitalismo e construir novas alternativas de desenvolvimento sustentável. A partir daqui, a UNE vai construir sua pauta para a conferência Rio+20”, explicou a também diretora da UNE, Luiza Lafetá. O modelo de desenvolvimento do país é uma importante pauta do movimento estudantil brasileiro, que reivindica a destinação de 10% do PIB e 50% do Fundo Social do Pré-sal para a educação.

A defesa do meio-ambiente e um desenvolvimento sustentável são pontos importantes da pauta do FST. Para Maria, existe uma grande necessidade do movimento social estar unificado para que seja possível preservar o patrimônio nacional e garantir a soberania do país. “Precisamos debater o meio ambiente pelo olhar do desenvolvimento sustentável e assim defender a Amazônia, que é nossa”, afirmou.
 
Educação e direitos humanos na linha de frente

A União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES) aproveitará o encontro para levar ao debate importantes temas como o Plano Nacional de Educação (PNE), ensino técnico e ensino sustentável. “A UBES está presente no seminário do FST trazendo sua opinião sobre a situação da economia mundial e aproveitando para realizar o seu Seminário Nacional de Educação”, disse Rarikan Heven, da diretoria da UBES.

A programação de atividades da UNE e da UBES durante o FST contará também com um debate no dia 27/01 (sexta-feira) com o tema “Direitos Humanos, Justiça e Memória”. Participarão o ex-ministro da educação, Tarso Genro; o sociólogo Emir Sader, do CLACSO (Conselho latinoamericano de Ciências Sociais); e o sociólogo português de Boaventura de Souza, da universidade de Coimbra. A ministra da secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, também confirmou presença.

De Porto Alegre,
Camila Hungria

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Trabalhadores e Estudantes realizam Marcha conjunta de abertura do FST 2012

Clamando por direitos para os trabalhadores e a juventude e pelo desenvolvimento sustentável, centenas de trabalhadores da Central de Trabalhadores do Brasil (CTB) marcharam ontem pelas ruas de Porto Alegre/RS em conjunto com estudantes de várias entidades juvenis (UNE, UBES, UJS e JSB) na Marcha de Abertura do Fórum Social Temático 2012. Os estudantes  protestavam contra o aumento das tarifas de ônibus na capital gaúcha, onde se discute mais um reajuste que pode elevar a tarifa para até R$3,00. Já os trabalhadores transformaram a caminhada num desfile de carnaval, embalados pelo samba-enredo da CTB, entoado pela Bateria comandada por Mestre Fabio Lolo, que de maneira irreverente contou na avenida as históricas reivindicações dos trabalhadores. Destaque ainda para a Colcha do Meio Ambiente,  que transformou lixo em arte, preservação da natureza e educação ambiental.

O caminho da Marcha virou desfile de carnaval. Sob olhares de simpatia e aplauso da população de Porto Alegre, percorreram em clima de festa popular o caminho da Marcha de Abertura do Fórum Social Temático 2012 em Porto Alegre centenas de trabalhadores e estudantes. A Marcha, que tradicionalmente desperta irritação da população que vê o trânsito trancado, desta vez foi admirada como espetáculo curioso e contagiante, despertando até algumas sambadinhas tímida nas paradas de ônibus e calçadas da Av. Borges de Medeiros ou da Voluntários.

Metalúrgicos, sapateiros, agricultores familiares, comerciários, agentes autônomos e outras categorias, deram o tom de uma festa popular. A bateria da  Escola de Samba Cruzeiro do Sul, sob a batuta de Mestre Fabio Lolo, jovem dirigente do SEEACOM/RS ditava o ritmo de coração pulsante da caminhada, embalando estudantes que ora sambavam, ora chamavam o "baile funk" reivindicando os 10% do PIB para a educação.

Para o presidente da CTB do RS Guiomar Vidor, “a marcha serviu para a CTB dar uma demonstração de força de seus integrantes, que lideraram a manifestação, desde a concentração, na Fetag, até o desfile em que se destacou o samba da CTB, tão contagiante que as pessoas cantavam nas ruas, o que para nós teve um significado muito importante”. Guiomar destacou também a integração dos movimentos sociais junto à CTB, principalmente os jovens da UNE, UBES e UJS. “Todos estão aliados ao projeto que a CTB defende”.

“Foi bonito ver a participação aguerrida da militância da CTB. Agora, consideramos extremamente importante a manutenção da mobilização até o final, com a participação de todos os militantes da CTB nos debates que serão promovidos durante o Fórum”, finalizou Guiomar Vidor.

Colcha do Meio-ambiente
A Marcha contou ainda com a manifestação de diferentes centrais sindicais, sindicatos, partidos e movimentos sociais que exibiram bandeiras ecológicas, de luta pelos direitos da mulher e de combate a homofobia. A preocupação com o meio-ambiente resultou num ato no Palácio Piratini, que reuniu o governador Tarso Genro, alunos, professores e técnicos das secretarias do Meio Ambiente (Sema) e da Educação (Seduc) para a instalação da Colcha do Meio Ambiente. Segundo a secretária do Meio Ambiente Jussara Cony, "o que era lixo se transformou em arte, preservação da natureza e educação ambiental". Para o governador Tarso Genro, a Colcha representa "uma dramatização do momento atual. É preciso pensar no desenvolvimento com sustentabilidade, com justiça e cidadania", afirma.