segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Brasil

Lula e o Boris Casoy: Brasil*


No dia 31 de dezembro, Boris Casoy, âncora do Jornal da Band, durante a vinheta de abertura do programa, sem perceber que o áudio estava aberto, fez o seguinte comentário: "Que merda... dois lixeiros desejando felicidades... do alto de suas vassouras... dois lixeiros... o mais baixo da escala do trabalho..”. Isso após o jornalismo da Band, ter colocado no ar as figuras simples e humildes de dois garis que desejavam a todo o Brasil um Feliz Ano Novo, com saúde, paz, dinheiro e felicidades”. Ao fundo se ouvia risadas, talvez dos seus colegas de jornalismo.O blog Igor de fato reproduz o artigo da deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB/RS) comentando o fato.

VEJA O VÍDEO DA GAFE DO BORIS CASOY CLICANDO AQUI.

Qual a relação entre o filme "Lula, o filho do Brasil" e fato que envolve o jornalista Boris Casoy, amplamente divulgado pela internet na semana que passou? Ouso responder: são duas faces de um mesmo Brasil.

Assisti ao filme que conta a vida do Presidente no primeiro dia do ano. É uma super produção. Esquisito que não o achei uma tentativa de endeusar a Lula. Por que? Porque mostra um homem comum, com uma história como a de milhares de brasileiros (que vão para os grandes centros atrás de melhores condições de vida, que assistem, quando crianças, aos pais agredirem fisicamente as mães, que se emocionam quando têm o primeiro emprego e choram diante da morte da mulher amada). Um homem que até uma idade razoável considerava o futebol mais importante do que a política e que quando ingressou no sindicato tinha como meta falar a língua de seus iguais e cuidar dos benefícios imediatos dos trabalhadores. Um homem filho de uma mulher forte (aliás, tirei meu chapéu para a Glória Pires no papel de Dona Lindú, mãe de Lula), apaixonado pela mãe. É um ótimo filme. Para conhecer a vida de um brasileiro. (Importante ressaltar que o filme acaba bem antes de Lula ser candidato a Presidente em 1989).


E qual a relação disso com o vazamento do áudio de Boris Casoy, no telejornal, ofendendo a um gari? Destilando preconceito contra um trabalhador? Me parece evidente: esse gari deve ter uma história muito parecida com a do Presidente. Ao ouvirmos os pensamentos de Boris Casoy, tivemos a oportunidade de desmascarar uma face perversa da elite brasileira: o preconceito, o asco que sentem com quem trabalha e constrói o Brasil de fato. Como li no twitter, certamente se este gari parar de limpar a sua rua sentiremos mais falta do que de Boris Casoy. O trabalho do gari faz sentido, mesmo que muitas vezes ninguém perceba.


Engraçado ouvir Boris Casoy pedindo desculpas. Nós não aceitamos! Porque preconceito não se desculpa, se combate. E nós combatemos quando criamos um final diferente para a vida daquele menino do filme: o elegemos Presidente e começamos, devagarinho, a mudar o Brasil.


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Esperei alguns dias para escrever do computador de casa, é esse o meu preferido. Sejam todos muito felizes em 2010, tenham todos muita paz e saúde porque o resto nós conquistamos juntos! Felicidade, amor, trabalho. E muita luta!
* Manuela D'Ávila é deputada federal pelo PCdoB gaúcho, jornalista e dirigente nacional da União da Juventude Socialista (UJS).

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