A
esquerda não pode confundir disputa de eleição com disputa de
hegemonia. Ganhar eleição não significa ter hegemonia. É preciso
disputar corações e mentes. Sempre. Essa ideia foi defendida pela palestra do jornalista Altamiro Borges na Plenária Nacional dos Movimentos Sociais, realizada em São Paulo no Dia 19 de julho. Confira aqui fragmentos dessa fala que pode ser vista na ítegra clicando aqui.
Os avanços dos dez anos de governo Lula-Dilma podem ter gerado a falsa impressão de que bastava manter o ritmo em velocidade constante para que o curso progressista continuasse, mas a movimentação das placas tectônicas da política em junho mostrou o contrário. O quadro se alterou e exige da esquerda política e social brasileira uma ação muito mais decidida. Essas mudanças deram uma chacoalhada na esquerda política e social brasileira, isso às vezes é bom pra saúde. Movimentos de junho começam com a bandeira do passe livre, mas depois ganha corpo a insatisfação da classe média, a mesma classe média que foi massa de manobra em 1964, mas essa insatisfação tem motivos reais, porque não se mexeu na estrutura da sociedade nesses dez ultimos anos. Nós temos que saudar os avanços mas eles não foram suficientes. A presidenta DIlma não joga na politização da sociedade, na disputa de ideias, joga numa visão tecnocrática de poder, como se política fosse técnica. Não faz essa disputa. Então não adianta reclamar que a moçadinha ta indo pra rua despolitizada, porque não se joga na polítização, não adianta reclamar que a pauta é difusa, porque não se joga em nortes bem definidos. Não adianta nada reclamar. Volto a dizer, uma visão eleitoreira, achar que a política se resolve de dois em dois anos em urna. Eu vou citar o sociólogo português Boaventura Santos que diz que nós vivemos uma fase do capitalismo que se chama fascismo societário, pois a população elege, mas a mídia e a direita enquadram os governantes. Então se você não faz uma permanente disputa de ideias, você pode ter uma vitória eleitoral que se transforma em derrota política. Essas manifestações de junho mostram que esse ciclo é insuficiente. Para avançar, dois atores são importantes, um é o governo, que precisa sinalizar para onde está indo, e precisa ir mais para a esquerda, e outro ator são os movimentos sociais, que não pode ser nem esquerdista, e nem ter uma postura de pacificdade bovina diante desse governo. No dia 11 de julho, quando os trabalhadores em união entraram em cena, já mudou o quadro da disputa, nós começamos a disputar a agenda, o simbólico. Esse jogo mudou. Depende da postura do governo e depende da postura dos movimentos sociais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário