Este vestibular da Universidade Federal de Santa Maria tem um diferencial. Pode ser considerado o primeiro vestibular efetivamente com cotas raciais e sociais da Instituição, já que é o primeiro em que o ponto de corte será diferenciado entre grupos cotistas e não-cotistas.
Neste momento em que se implementa em boa parte das universidades brasileiras uma mudança no sistema de acesso a universidade, convém fazer o questionamento: mas afinal de contas o nosso país é racista? Que conceito de racismo tem sido utilizado para a implementação das ações afirmativas no ensino superior?
Em palestra proferida em vários estados brasileiros sobre educação e racismo, o Professor Renato E. dos Santos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) – uma das pioneiras na adoção da política de cotas – afirma que o conceito de racismo deve ser muito mais amplo do que a experiência individual.
Segundo ele, comumente se entende como atos racistas "xingamentos, humilhações ou constrangimentos” que alguém possa sofrer por causa da cor de sua pele. Para ele, o racismo é muito mais complexo do que estas manifestações individuais. Ele se refere também a mecanismos que impedem o acesso de determinados grupos étnico-raciais a riquezas como o conhecimento, o emprego e a renda, por exemplo. Segundo Santos (2007), a reprodução de barreiras sociais baseadas na raça torna o racismo um dos principais produtores da concentração de riqueza em nosso país.
O professor da UERJ se baseia em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para demonstrar as desigualdades raciais no acesso à educação. Segundo estes números, para 53,6% de jovens brancos cursando Educação Superior em nível de graduação tem-se apenas 15,8% de negros.
Tal cenário demonstra, ainda segundo o professor, que existem barreiras sociais que impedem que um jovem negro tenha o mesmo acesso a educação que um jovem branco. Estas barreiras, segundo a perspectiva apontada por Santos (2007), indicam que a sociedade brasileira é racista, mesmo que não se expressem com freqüência xingamentos ou humilhações a pessoas negras. A desigualdade no acesso a educação é uma forma – talvez muito mais cruel – de racismo.
Com as cotas, o Estado brasileiro está admitindo que, no que diz respeito a educação, as trajetórias de brancos e negros não são marcadas pela igualdade. Assim, para a construção de uma política educacional anti-racista, são necessárias a adoção de reserva de vagas para negros.
Neste momento em que se implementa em boa parte das universidades brasileiras uma mudança no sistema de acesso a universidade, convém fazer o questionamento: mas afinal de contas o nosso país é racista? Que conceito de racismo tem sido utilizado para a implementação das ações afirmativas no ensino superior?
Em palestra proferida em vários estados brasileiros sobre educação e racismo, o Professor Renato E. dos Santos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) – uma das pioneiras na adoção da política de cotas – afirma que o conceito de racismo deve ser muito mais amplo do que a experiência individual.
Segundo ele, comumente se entende como atos racistas "xingamentos, humilhações ou constrangimentos” que alguém possa sofrer por causa da cor de sua pele. Para ele, o racismo é muito mais complexo do que estas manifestações individuais. Ele se refere também a mecanismos que impedem o acesso de determinados grupos étnico-raciais a riquezas como o conhecimento, o emprego e a renda, por exemplo. Segundo Santos (2007), a reprodução de barreiras sociais baseadas na raça torna o racismo um dos principais produtores da concentração de riqueza em nosso país.
O professor da UERJ se baseia em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para demonstrar as desigualdades raciais no acesso à educação. Segundo estes números, para 53,6% de jovens brancos cursando Educação Superior em nível de graduação tem-se apenas 15,8% de negros.
Tal cenário demonstra, ainda segundo o professor, que existem barreiras sociais que impedem que um jovem negro tenha o mesmo acesso a educação que um jovem branco. Estas barreiras, segundo a perspectiva apontada por Santos (2007), indicam que a sociedade brasileira é racista, mesmo que não se expressem com freqüência xingamentos ou humilhações a pessoas negras. A desigualdade no acesso a educação é uma forma – talvez muito mais cruel – de racismo.
Com as cotas, o Estado brasileiro está admitindo que, no que diz respeito a educação, as trajetórias de brancos e negros não são marcadas pela igualdade. Assim, para a construção de uma política educacional anti-racista, são necessárias a adoção de reserva de vagas para negros.
*publicado no jornal "A Razão" de 16/01, e do jornal "Diário de Santa Maria" de 30/01/09
16 comentários:
Muito bom teu artigo, Igor.
Uma aposta na provável eficácia das cotas.
Mas eu aposto também que esta experiência se esgote - e dê bons
frutos, claro - num prazo de dez anos.
Saudações,
Vitor Biasoli
Professor de História da UFSM
Igor!!!
Bom dia...
Primeiramente, te agradeço por me haver incluído em sua lista de contatos, e haver
recebido esta mensagem, importante...
Vi que és estudante de pós graduação em Gestão Escolar.
Trabalho com o professores e alunos, só presidente do CONER 10ª CRE.
Essa matéria e muito boa de discutir, " o que é racismo " pois entendo que racismo
não está na cor, até porque acredito que não exista divisão de raças, somos todos
"humanos" , mas o que existe sim é discriminação de classes sociais na educação,
especialmente nas Universidades Publicas, pois não ingressam lá, pessoas que não
tenham poder aquisitivo suficiente pagar bons cursos preparatórios, deixando os
demais à margem do sistema.
As cotas e o ponto de corte diferenciado, são sim uma demonstração de discriminação,
pode não ser uma demonstração de racismo, mas é a aceitação de que estes indivíduos
são inferiores de capacidade, ou de preparação.
Se é de preparação, o ESTADO, deveria se preocupar em prepara-los, em capacita-los
para a disputa da vagas não só da Universidade, mas as vagas do mercado de trabalho e
da vida de igual para igual, com aqueles que não por questões de raça, mas por situação
financeira levaram vantagem em sua preparação e formação.
Igor, pela sua formação, deves conhecer muito melhor que eu, a situação da educação
do ensino médio em nosso estado que se deteriora ano após ano nestes últimos 20 anos,
te falo de 20 ano porque é o período que eu lembro e que conheci a educação secundária.
A que prepara nosso ensino médio? A que serve nosso ensino médio?
Qual é a preocupação da maioria dos nossos trabalhadores na Educação?
Nos últimos 10 anos, exceto 2008, o ano letivo começou com falta de 20, 30% dos
professores necessários em sala de aula, as aulas só entravam na normalidade em maio,
junho, porque? qual era o problema? qual era o motivo? Onde estavam os professores?
Hora, adireção das escolas não sabia disso?? O Corporativismo, fez isso.
Os professores pleitearam e conseguiram, eleições diretas para diretor. Um avanço.
Que beneficio trouxe à educação? O que beneficiou os alunos essa medida?
Apenas se vê nas escola uma dipsuta politica, pela direção, são as corrnetes
de determinados partidos politicos que disputam as direções da escolas, em campanhas
que o diretor eleito colocando todo seu salario pelo perido que for eleito não paga os
gastos da campanha, estranho isso neh? mas se vê isso também, nas camaras, nas assembleias
estaduais, no senado, é o exemplo que nos dão os nossos politicos...
Nas escolasm, hoje disputa-se orçamentos.....
O Conselho de educação das escolas, outro avanço, a participação da comunidade nos
destino da escola.
Que acontece hoje na pratica?? pessoas leigas, sem conhecimento de causa,
dando palpite e as vezes, por sua liderança, por sua capacidade de persuasão
dar rumos a educação, ou a escola...
Tu sinceramente acredita, que um aluno que entra na universidade disputando
0,84 alunos por vaga, vai poder acompanhar na sala de aula os colegas que disputaram
vaga com 16 alunos por vaga?? Ou vamos criar salas de aulas separadas na Universidade
para aqueles que entraram de forma mais aliviadas na disputa, e aí sim estaríamos
assinando um atestado de racismo, de discriminação a estes infelizes universitários.
Temos exemplos de pessoas humildes, que se dedicaram, que se esforçaram e mesmo
enfrentando muitas dificuldades chegaram a universidade sem nenhum tipo de maracutaia
disputando de igual para igual, basta prepara-los, basta dar condições dignas de vida, de
trabalho as familias, e de preparação aos seus filhos para que eles sem menor duvida tenham
ingresso garantido nas universidades publicas.
Seguindo assim como esta, amanha com certeza, teremos cotas nas univerisdades para os bolsa
escola, para os bolsa familia e nós que com nosso trabalho já sustemos essa legião de pessoas
em nome da distribuição de renda, e já pagamos antecipado a formação dos nossos filhos,
vamos ver as vagas reduzidas em nome do "RACISMO".
Acredito que nosso problema na educação não é de nível universitário, mas de preparação
para ele.
Como tudo na vidas e uma escada, é muito difícil, que filho de pais analfabetos tenham
condições intelectuais de chegarem doutor, não é impossível é difícil...
Mas ai teremos bons e brilhantes doutores, ou importa só a quantidade de formados?
Gostaria de receber sua opinião na condições de estudante de Pós Graduação na Gestão
Educacional.
Um abraço
José Carloto
Igor,
obrigado e parabéns pela publicação do artigo.
Abraços e bom final de semana,
Antonio Ozaí da Silva
Professor na Universidade Estadual de Maringá (DCS/UEM), editor da Revista Espaço Acadêmico, Revista Urutágua e Acta Scientiarum. Human and Social Sciences e autor de "Maurício Tragtenberg: Militância e Pedagogia Libertária" (Ijuí: Editora Unijuí, 2008).
Igor
Tenho acordo com o que o professor coloca. Existem várias formas de expressar o racismo, mas a mais difícil de se denunciar e o racismo velado que existe no Brasil.
Todo o cidadão branco tem seu negrinho de estimação, mas e só ele pensar diferente e já não é o negrinho de alma branca.
Sou defensor da política de cotas na educação, no mercado de trabalho e vou além, se brigamos e apoiamos para termos cotas para as mulheres nos espaços das direções dos partidos e nas listas eleitoras, defendo que tenhamos estas mesmas representações para os negros.
Asé.
José Antonio dos Santos da Silva
Um negro em movimento
Dirigente estadual da UNEGRO (União dos Negros pela Igualdade)
Caríssimo Igor!
Já havia lido o artigo aqui de PoA, pois casualmente neste dia o Lameira, em seleção para o mestrado da UFRGS, nos passou uma cópia do jornal.
Oportuníssimo o artigo e parabéns por ele.
Abraços de Diorge e Glaucia.
Diorge e Glácia Konrad são professores de História da UFSM.
Gostei muito do seu artigo. estou divulgando aki em mato grosso do sul:
http://douradosinforma.com.br/noticia.php?id_noticia=77374
e vai sair no jornal impresso tambem esta semana que vem.
Igor,
Gostei do artigo. maduro e bem fundamentado. Agora estou dedicada a
estudar "A virtude soberana" de Dworkin. Quero entender mais sobre
igualdade.
Abraço e vá em frente.
Jânia Maria Lopes Sldanha
Redatora da resolução das cotas na UFSM, Professora e coordenadora do Curso de Direito da UFSM
Racismo é coletivismo. O oposto de individualismo. Coletivistas, julgam "classes", generalizam caracteristicas sobre todas as pessoas, devidos a aspectos semalhantes que elas compartilham , mas que nada representam na pratica.
Exemplos facilitam. Frases como:
"o trabalhador quer isso.."
"Os ricos são maus". "O Brasileiro é um povo maravilhoso".
"Os pobres são vitimas.. bla bla bla". "Os negros bla bla bla.."
"A juventude brasileira quer isso...e nao aquilo.."
Tudo isso parte de um principio colevitivista. ex: Porque um grupo de pessoas são negras, elas seriam entao "iguais" em todas as demais caracteristias, por exemplo, carater. O que esta errado!
Indivudualistas, liberais, não reconhecem classes, mas apenas individuos. Para nos, não existem "ricos do mau", "negros que sao isso ou aquilo.." e outras formas de generalizações. Sabemos que ha individuos ricos, com bom carater, tanto quanto ha ricos sem carater. Ou seja, a renda (aspecto semelhante), não determina carater, nem a cor da pessoa determina isso. Mas sim, suas atitudes individuais, suas escolhas e ações.
Portanto, existem individuos negros, com bom carater, tanto quanto ha individuos brancos com bom carater, e o inverso idem! Ha ricos do bem e pobres que fazem o mal voluntariamante, e o inverso idem!
No mundo, existem apenas individuos agindo, tomando decisões, e não "classes". E sao individuos que devem ser julgados por suas condutas, e não todas as pessoas que por acaso, compartilham com ele alguns aspectos semelhantes( cor , renda etc)
um bom texto:
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=189
Olá, Igor.
O que tu disseste é muito importante. Muitas pessoas pensam que "racismo" é quando um branco põe um capuz no rosto e sai munido de paus e facas atrás de negros. O fato é que se confunde racismo com ódio racial, sendo que todo ódio racial é movido pelo racismo, mas nem todo racismo contém ódio racial. O Brasil, por exemplo, é um país racista em sua estrutura política e social, mas os casos de ódio racial são dispersos, daí diz-se que no Brasil o racismo é "velado". Oras, o racismo individual movido pelo ódio pode até ser camuflado pelas autoridades e pela mídia, mas o racismo institucional (partindo do Estado) não tem nada de velado, é totalmente explícito, basta pesquisar sobre as condições de moradia, saúde e educação da população negra em comparação com a população branca.
O fato do Estado Brasileiro "empurar com a barriga" por mais de um século a desigualdade racial consequência de uma política estatal escravagista é a pova de como o Estado Brasileiro é pautado no racismo. Com o fim da escravidão oficial, os brancos foram indenizados pelo Estado e os negros foram segregados em favelas e morros. A escravidão oficial no Brasil durou exatos 364 anos, o justo seria agora 364 anos de cotas raciais em universidades e concursos públicos. Aqueles que acham que em míseros 10 anos poderemos reverter 400 anos de opressão e exclusão em massa, ou é um ingênuo ou é um racista.
No mais, parabéns pelo texto. Vou aguardar por outros tão ou mais sensatos e reflexivos que este. Até mais.
Najla Carolina (acadêmica de Direito)
Tenho um amigo que é negro e, depois de muito preparo foi aprovado no vestibular de uma universidade pública. Se a instituição já tivesse adotado o sistema de cotas, certamente ele seria visto com discriminação pelos colegas, estando marcado como "aquele que precisou estudar menos pra entrar aquí". Talvez precisase exibir o edital de resultado para mostrar que atingiu a média sem necessidade de "empurrão". Sorte a dele, que enfrentou os demais candidatos em condições de IGUALDADE, e portanto, pode andar de cabeça erguida sem dever satisfações a ninguém.
Continuo acreditando que estas inciativas em nada vão melhorar a situação , elas na verdade é que são racistas , que não se ataca o cerne da questão e que no frigir dos ovos , quem vai sair ganhando são os gerenciadores destas ações , bem como so cabeças das ONG`s que já estão aí e que estão por vir no vacuo desta decisão . A resultante desta ação será uma cisão racial e suas obvias consequencias.
Qua não me entendam errado , pois é obvio que há um vacuo enorme entre a condições educacionais , de infraestrutura e sociais a disposição de uma parcela mais abastada da população e a outra , ou a grande maioria , a em piores condições . Mas em primeiro lugar acho que esta é uma realidade social e não da cor da pele . Ora , um morador de rua , um favelado , um pai de familia que tenha como renda um salario mínimo vai ter as mesma dificuldades em educar seus filhos , em melhorar as condições de vida de sua família independente da cor da sua pele . A questão é social , e não racial .
Da mesma forma que , ao "impor" ao estudo de terceiro grau , um estudante que não esteja preparado para tal, que teve uma base educacional deficitária , não vai se gerar automaticamente um profissional qualificado .Isto é utopia . É maquiagem social .
O que eu não entendo é o porque de não se utilizar toda a força desta mobilização para beneficiar a população mais carente de uma forma geral ? . Porque só os de pele negra ?
Não faria mais sentido se formar uma mobilização cidadã e atacar os problemas sociais de frente , de forma que gerasse benefícios a todos os envolvidos ? Educação, saneamento, transporte , saude , lazer , moradia , cultura , são todas questões criticas e urgentes para a melhoria social do Brasil. Restringir as reinvindicações e ações a tão sómente uma parte da população mais carente , além de não resolver o problema é uma iniciativa inquestionável de cunho racista , já que só favoreçe a quem reuna as condições de tez para tal .
Qual o critério?
Trecho extraído do edital do vestibular da UFSM:
.
(O candidato participante do Sistema Cidadão Presente A deverá entregar, na etapa da entrega dos documentos, uma autodeclaração devidamente assinada como comprovação de que é afro-brasileiro (preto ou pardo, segundo classificação do IBGE).
.
O que acontece no caso de um candidato reprovado (mesmo com a cota) impugnar a declaração de outro que foi aprovado dizendo que o mesmo não se enquadra na definição racial de afro-brasileiro?
Colocarão os dois lado a lado para verificar quem é mais negro?
Situação humilhante a de ter que provar que pertence a uma raça para obter um direito básico de cidadania.
Quanto ao comentário da Sandra, não parece haver necessidade de contra-argumento. Ela deixou bem claro que está pensando uma concepção liberal de entendimento de mundo, e é bem claro que não compartilhamos essa concepção. Dentro de sua visão de mundo, tem razão.
Quanto a argumentação de Winston Smith, cabem contra-argumentos. Ele levanta a questão da igualdade de condições. Ora, o vestibular tal como era não pode ser considerado igualitário, uma vez que coloca grupos com trajetórias educacionais diferenciadas em pé de igualdade. Não é justo, nem igualitário colocar brancos e negros em pé de igualdade no contexto social em que vivemos, aonde os negros são comprovadamente, segundo qualquer indicador socioeconômico, majoritariamente mais pobres e com escolarização mais baixa.
E quanto aoa critérios de avaliação, acredito que sejam falsas polêmicas. Nenhum "falso negro" vai se utilizar das cotas para "se dar bem". Isso não existe, e se existir são casos isolados e irrelevantes. A autoafirmação é um critério válido, pois se autoafirmar "negro". no nosso país, já é uma vitória. A negritude foi tão oprimida que muitos até se envergonham de sua cor. Por isso, resumindo, 4p:PODER PARA O POVO PRETO. Essa é a fundamentação das ações afirmativas.
Parabéns Igor !
Realmente muitas pessoas acham que racismo se dá (ou não) apenas no campo das relações sociais/convivência, mas não é assim..., a principal característica do "racismo à brasileira" (META-RACISMO) é a hipocrisia cínica e o embarreiramento sócio-econômico sistemático e tradicional dos afro-brasileiros .
Fazem parte da mentalidade e ação meta-racistas, declarações como "não é racial ou de cor, é social..." , "todos são iguais perante a lei" (olhando apenas a igualdade formal e ignorando a material...),"cotistas negros serão discriminados após formados" (como se nunca os negros tivessem sido discriminados...), " entrar por cota é prova de incapacidade e falta de mérito" (como se já não houvesse N cotas como para os oriundos de Processo Seletivo Contínuo, estudantes estrangeiros, etc...; sem contar que mérito não é uma coisa absoluta..., não é o valor absoluto da nota que dá o mérito..., mas o esforço proporcional para sua obtenção), "O nível vai cair, cotistas não acompanharão..." (quando todas as pesquisas com os primeiros egressos já demonstraram o contrário..., a média de rendimento dos cotistas é 5% para mais ou menos dos não-cotistas, com tendência de ser maior que a média); enfim, todos os argumentos ANTI-COTA tem se demonstrado falaciosos .
Agora apenas para ilustrar ainda mais o que é realmente o racismo, deixo as sábias palavras de HASENBALG (bem anteriores à discussão das Ações Afirmativas no Brasil) :
"(a) discriminação e preconceito raciais não são mantidos intactos após a abolição mas, pelo contrário, adquirem novos significados e funções dentro das novas estruturas e (b) as práticas racistas do grupo dominante branco que perpetuam a subordinação dos negros não são meros arcaísmos do passado, mas estão funcionalmente relacionadas aos benefícios materiais e simbólicos que o grupo branco obtém da desqualificação competitiva dos não brancos." (Hasenbalg, 1979, p. 85)
É isso ai...
Juarez Silva
Prof. e Ativista do Movimento AFROAMAZONAS - Manaus-AM
Tenho um exemplo perfeito sobre as cotas. Uma amiga minha, que todos consideram negra, tentou vestibular em 2 universidades públicas. Uma aceitava cotas e outra não. Só que ao tentar para a UERJ (partidária das cotas) ela simplesmente não foi aceita como negra. Não passou por causa disso.Passou na outra. Hoje é uma das melhores alunas. Aí vem a minha pergunta: cota para quem? Não vejo pessoas estudiosas e esforçadas sendo beneficiadas por isso.
Aliás a UERJ, pioneira das cotas, tá caindo aos pedaços. E só pra não esquecer, quem criou as tais cotas foi a Rosinha. Não poderia ter maternidade melhor...
Definindo Racismo
O texto pergunta: O que é racismo? O texto entretanto em momento nenhum responde a esta pergunta.
Dentre muitas definições, dentre as quais muitas tratam de superioridade e inferioridade, fico com esta:
"Racismo é a convicção de que existe uma relação entre as características físicas hereditárias, como a cor da pele, e determinados traços de caráter e inteligência ou manifestações culturais."
Ou seja, racismo é a ilusão da distinção através destes traços físicos superficiais, tornando-os caracteristicas distintivas culturais. ) racismo é reforçado por grupos que pregam a superioridade branca como o é por grupos culturais de afrodecendencia.
Lutar contra o racismo pressupõe tanto a negação da apologia nazista e eurocentrista como também da apologia da negritude afrodecendente. As manifestações culturais, sociais, e a convivencia humana precisam se livrar destas amarras. A união dos oprimidos sim é anti-racista, e é unidos que alcançaremos a meta de educação de qualidade para todos. Só interessa aos nossos inimigos declarados e aos hipócritas social-democratas a divisão no seio da classe trabalhadora. Eu quero mais é que o movimento negro, o PT e companhia se fodam.
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