segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Santa Maria/RS urgente!

“Estamos vivendo no município um total desmonte da saúde pública”

O Conselho Municipal de Saúde está mobilizando para ato público dia 13 de agosto na esquina democrática contra o desmonte que a saúde vem sofrendo em Santa Maria/RS, e por melhoria das condições de trabalho dos profissionais do setor. Em entrevista exclusiva ao blog Igor de Fato, a coordenadora do Conselho Municipal de Saúde Rosa Maria Salaib Wolff explica por que o Conselho lança esse grito de alerta sobre a saúde, que vive dramaticamente o surto de gripe H1N1.
Foto: www.diariosm.com.br


Igor de Fato! O que é a Coordenação do Conselho Municipal de Saúde? Como funciona?
Rosa Wolff - A Coordenação do Conselho Municipal de Saúde seria a mesa diretora do Conselho. O CMS de Santa Maria é parlamentarista, os segmentos que o compõem escolhem seus representantes por eleição direta e esse colegiado reunido escolhe o coordenador.
Os segmentos envolvidos são: 50% de entidades representativas de usuários do SUS (sindicatos, associações comunitárias, associações de portadores de enfermidades, conselhos locais de saúde, associações de defesa do meio ambiente entre outras. 25% de trabalhadores de Saúde (psicólogos, enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, biólogos, assistentes sociais etc...). 12,5% de entidades governamentais e formadoras (universidades, secretarias de município etc...). 25% de prestadores de serviço ao SUS (rede privada mas que tem credenciamento ou contratualização para tender SUS.
Cada segmento escolhe seus representantes nessa mesma proporção e a coordenação reunida escolhe o coordenador geral.

Igor de Fato! Como a terceirização dos profissionais e o sistema de médicos horistas comprometem a saúde? Qual sistema é proposto?

Rosa Wolff - Para que a comunidade possa ter uma atenção a sua saúde adequada, acreditamos que é absolutamente necessário ser criado um vínculo entre a comunidade e a unidade de saúde e seus trabalhadores.
Acreditamos que a criação de uma relação entre usuário e profissional de saúde é pelo menos 50% do tratamento.
Acreditamos que só a confiança na equipe de saúde fará com que as pessoas mudem seus hábitos de vida, conseguindo fazer promoção e prevenção dos agravos a sua saúde.
A terceirização torna essa relação volátil, faz-se com que todos estejam sempre no aguardo de transferências, demissões, afastamentos enfim sobre uma estrita lâmina de segurança.
Quanto a contratação por hora ( 1 – 2 – 3 por dia) não vai permitir que esse profissional crie vínculo, faça visitas domiciliares, se relacione com a comunidade, participe dos grupos de promoção e prevenção realize procedimento preventivos (como coleta de material ginecológico por exemplo para detecção precoce do Câncer de útero ou mesmo palpação de mamas para identificar nódulos potencialmente patológicos entre outros). Participe de eventos na comunidade visando interagir com ela e implantar ações que visem “n” objetivos, cito alguns – identificação de trabalho infantil, trabalho insalubre realizado no domicílio, grupos de apoio a asmáticos, alcoólatras, drogaditos enfim superaria os mega bites máximo que um e-mail pode ter se fosse listar todos.


Igor de Fato! A municipalização da saúde tem sido eficiente? Existe uma proposta de federalizar?



Rosa Wolff - Federalização jamais!!!!!!
A grande luta dos sanitaristas foi pela municipalização, esse é o grande mote, tudo tem que estar perto do usuário.
Esse ato que estamos chamando seria impossível se o problema estivesse em Brasília, poderíamos nos manifestar a vontade que eles desligariam o radio, apagariam a TV, não leriam o jornal do dia, não abririam correspondência de Santa Maria, deletavam o computador e poderíamos gritar a vontade que ninguém nos ouviria. Ah!!!! Mas com o prefeito não acontece assim, ele pode tirar tudo da tomada que nós vamos lá onde ele está e nos manifestamos.
A municipalização é eficiente onde o governo quer que seja, quando ele investe nisso e quando os munícipes tem sorte de ter 2 – 3 – 4 governos seguidos querem do melhorar e não apenas discursar. Assim o sistema se constrói e depois a população não deixa mais terminar.
Não é o nosso caso cada governo que entra tem que destruir o que o outro fez principalmente o que deu certo para que não reste nenhum mérito para quem saiu.
Teríamos que lançar uma campanha nacional com os seguintes motes:
Saúde é um direito HUMANO, e dever do ESTADO, não de governos, e principalmente encarar como tal. A saúde é questão de estado e os governos não podem destruir.
Por isso a existência do controle social que os governos de 2004 para cá conseguiram em associação com o judiciário tirar a maior parte do poder que tinham, e conseguiram de uma forma simples.
A constituição prevê a existência do controle social com caráter deliberativo e fiscalizador, a lei 8142/80 regulamenta isso, que fez o judiciário, sim, é deliberativo e fiscalizador porém a suas deliberações não são vinculativas, ao que isso quer dizer em bom português ele delibera, mas não vincula a obrigação do gestor cumprir, então delibera para quem???? Só para si próprio seus horários e reunião etc...

Igor de Fato! Qual é o objetivo do ato público de 13 de agosto? O que poderia ser feito para melhorar o Sistema único de Saúde?


Rosa Wolff - Estamos vivendo no município um total desmonte da saúde pública. As equipes de saúde da família foram demitidas sem que tivesse havido concurso publico par recompor os quadros, 16 unidades de saúde estão fechadas ou atendendo sem médicos ou enfermeiros,. Casa uma dessas unidades era responsável por 4.500 pessoas, como vemos temos 70.000 sem nenhuma assistência nesse momento que temos a gripe H1N1 solta por aí. Apenas na zona sul temos 500 pessoas acamadas (não saem da cama) e que recebiam atendimento das equipes, e que agora não tem essa atenção, pessoas que usam pór exemplo sonda vesical pois não conseguem urinar essas sondas tem que ser trocadas a cada e - 3 dias senão provocam infecção que nessas pessoa é potencialmente fatal. Quando colocado isso ao secretário de saúde ele respondeu que esses doentes mão eram de agora e sim da gestão passada e que ele tem que resolver problemas de agora. (BOA RESPOSTA NÂO? Tem um ditado hoje já popular “Preciso doar as minhas córneas pois vou viver toda a minha vida e não vou ver tudo assim pelo menos as córneas continuam vendo”
Santa Maria hoje não tem mais filas, todas elas terminaram! Muito bom não mas porque? Não temos mais doentes? Não porque hoje o que vale para fazer um exame ou retirar um medicamento controlado na farmácia do município é UM BILHETINHO DO SECRETARIO DE SAÙDE – a fila agora é na ante sala do secretario que carrega nos bolsos MUUIIITTTTOOOOSSSSSS papeizinhos para encaminhar os exames. Um bilhete um voto, um bilhete um voto.
Temos que fazer um ato público ou não?




Um comentário:

Pablo Berned disse...

Igor, estou divulgando essa entrevista lá no meu blog. Lá também estão certas divagações nossas sobre a pós-modernidade. Os teus leitores daqui do blog estão convidados a darem uma conferida nesse bate-papo nosso lá no Blog do Berned:

http://blogdoberned.blogspot.com/2009/08/bate-papo-com-igor-de-fato.html