Hoje a tarde (28/09) no Encontro Regional Sul do SINASEFE
(Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e
Tecnológica) comentei que a recente descoberta espionagem dos EUA ao Brasil e o
posicionamento agressivo do mesmo Império a Síria revelam que o decadente hegemonia estadunidense
está provocando seu comportamento mais agressivo para recuperar sua condição de
hegemonia incontestável. Isso aumenta os perigos de guerras e agressões em
escala mundial.
A escancarada ameaça a soberania ao Brasil e a tentativa de
incriminar a Síria em outra situação mais “tranquila” para a hegemonia
estadunidense, talvez não fosse necessária. Não esqueçamos que até bem pouco
tempo atrás uma posição dos EUA não ficaria isolada no G20 com uma firme
oposição da Rússia por exemplo. O império decadente vai mostrando sua
virulência e apontando seus canhões e esquemas de espionagem tanto para o
Oriente Médio quanto para a maior economia da América Latina.
O que precisa o império para se recompor senão de fontes de
petróleo como o nosso poderoso pré-sal? Inclusive no debate de hoje foi
lembrado e denunciado que não é só no nosso petróleo que “eles” estão de olho,
mas sim também em outras riquezas naturais. Por isso, a solidariedade a Síria e
a firme defesa da soberania e do nosso petróleo são questões que se
entrecruzam: basta da truculência do império submetendo os povos a sua ambição
insaciável.
Também comentei sobre a composição social das jornadas de
junho me apoiando nas pesquisas realizadas pelo IBOPE, que perguntando nas ruas
quem eram os manifestantes, descobriram que se tratam em sua maioria de jovens,
composição de gênero mais ou menos equilibrada, em sua grande parte com
escolaridade de nível superior, e o principal: cerca de 70% declarou que
trabalhava. Ou seja, trata-se da nova geração da classe trabalhadora que foi às
ruas, não-convocada e não se sentindo representadas por sindicatos e partidos.
A mídia já percebeu que precisa disputar essa turma. Espero que nós, enquanto
organizações de esquerda, também tenhamos percebido.
Por fim comentei sobre os desafios que se impõem aos
trabalhadores da educação, em especial os das universidades e IFETS. Hoje mais
do que nunca é atual o debate da FASUBRA sobre Universidade cidadã para os
trabalhadores, pois dez anos após uma ampliação das Universidades e criação dos
IFETs, precisamos de um crescimento quantitativo e qualitativo. Quantitativo
que passa pelo financiamento. Para garantirmos a ampliação da Universidade e
IFETS públicos, precisamos de mais recursos, por isso é bandeira estruturante
os 10% do PIB para educação e os recursos do pré-sal para garantir esse
patamar. Mas para chegarmos lá, a presidenta precisará enfrentar os interesses
dos banqueiros: é preciso reduzir os superávit primário, e a aviltante cifra
que destina mais de 40% de nosso PIB ao capital financeiro. Essa é uma faceta
fundamental de nossa luta, mas não é a única.
Também deve caminhar lado a lado dessa luta por financiamento
a disputa de um projeto de Universidades e IFETs. Pouco adianta temos
Universidades públicas com muito dinheiro mas pensando seu funcionamento para
as elites e não para os trabalhadores, que precisam de mais cursos noturnos,
mais assistência estudantil, implementação de fato das ações afirmativas, e uma
série de mudanças estruturais na concepção de uma estrutura universitária que
ainda é herança da Ditadura Civil-Militar que terminou nos anos oitenta. Inserida
nesse projeto de Universidade Cidadã para os trabalhadores está a questão do
turnos contínuos de 30h, dentro do ideal da Universidade sem fechar as portas.
Dentro dessa Universidade cidadã para os Trabalhadores está a gestão
democrática que passa por eleição paritária para Reitor, que passa por um Plano
Nacional de Capacitação e Qualificação que garanta ao trabalhador ampliar sua
formação conciliando trabalho e estudo. Dentro ainda desse projeto o técnico
administrativo em educação, visto como trabalhador da educação, é co-partícipe
na formação dos estudantes, e não um mero bedel que não pensa e só executa o
que os professores, detentores do saber determinam.
Por fim comentei a guisa de conclusão que todas as questões
levantadas no debate se resumem a resposta das perguntas:
Quem decide para onde vai a nossa riqueza?
Quem decide o projeto de nossas Universidades e IFETs?
Quem decide o que vai na mídia?
Todas as respostas das perguntas acima tem a ver com quem
tem o poder, porque todas essas decisões são atributos do poder. Então ao cabo
e ao fim, a grande disputa é pela democratização do poder. É para que os
trabalhadores consigam decidir também todas essas questões fundamentais para a
sua vida. Por isso, todo apoio a autodeterminação da Síria, repúdio e
espionagem e contra os leilões do petróleo, e principalmente, por uma
universidade e IFETs cidadãos para os trabalhadores!
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