sábado, 28 de setembro de 2013

Um mundo e uma educação que confira cidadania aos trabalhadores



Hoje a tarde (28/09) no Encontro Regional Sul do SINASEFE (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica) comentei que a recente descoberta espionagem dos EUA ao Brasil e o posicionamento agressivo do mesmo Império a Síria revelam que o decadente hegemonia estadunidense está provocando seu comportamento mais agressivo para recuperar sua condição de hegemonia incontestável. Isso aumenta os perigos de guerras e agressões em escala mundial.
A escancarada ameaça a soberania ao Brasil e a tentativa de incriminar a Síria em outra situação mais “tranquila” para a hegemonia estadunidense, talvez não fosse necessária. Não esqueçamos que até bem pouco tempo atrás uma posição dos EUA não ficaria isolada no G20 com uma firme oposição da Rússia por exemplo. O império decadente vai mostrando sua virulência e apontando seus canhões e esquemas de espionagem tanto para o Oriente Médio quanto para a maior economia da América Latina.
O que precisa o império para se recompor senão de fontes de petróleo como o nosso poderoso pré-sal? Inclusive no debate de hoje foi lembrado e denunciado que não é só no nosso petróleo que “eles” estão de olho, mas sim também em outras riquezas naturais. Por isso, a solidariedade a Síria e a firme defesa da soberania e do nosso petróleo são questões que se entrecruzam: basta da truculência do império submetendo os povos a sua ambição insaciável.
Também comentei sobre a composição social das jornadas de junho me apoiando nas pesquisas realizadas pelo IBOPE, que perguntando nas ruas quem eram os manifestantes, descobriram que se tratam em sua maioria de jovens, composição de gênero mais ou menos equilibrada, em sua grande parte com escolaridade de nível superior, e o principal: cerca de 70% declarou que trabalhava. Ou seja, trata-se da nova geração da classe trabalhadora que foi às ruas, não-convocada e não se sentindo representadas por sindicatos e partidos. A mídia já percebeu que precisa disputar essa turma. Espero que nós, enquanto organizações de esquerda, também tenhamos percebido.
Por fim comentei sobre os desafios que se impõem aos trabalhadores da educação, em especial os das universidades e IFETS. Hoje mais do que nunca é atual o debate da FASUBRA sobre Universidade cidadã para os trabalhadores, pois dez anos após uma ampliação das Universidades e criação dos IFETs, precisamos de um crescimento quantitativo e qualitativo. Quantitativo que passa pelo financiamento. Para garantirmos a ampliação da Universidade e IFETS públicos, precisamos de mais recursos, por isso é bandeira estruturante os 10% do PIB para educação e os recursos do pré-sal para garantir esse patamar. Mas para chegarmos lá, a presidenta precisará enfrentar os interesses dos banqueiros: é preciso reduzir os superávit primário, e a aviltante cifra que destina mais de 40% de nosso PIB ao capital financeiro. Essa é uma faceta fundamental de nossa luta, mas não é a única.
Também deve caminhar lado a lado dessa luta por financiamento a disputa de um projeto de Universidades e IFETs. Pouco adianta temos Universidades públicas com muito dinheiro mas pensando seu funcionamento para as elites e não para os trabalhadores, que precisam de mais cursos noturnos, mais assistência estudantil, implementação de fato das ações afirmativas, e uma série de mudanças estruturais na concepção de uma estrutura universitária que ainda é herança da Ditadura Civil-Militar que terminou nos anos oitenta. Inserida nesse projeto de Universidade Cidadã para os trabalhadores está a questão do turnos contínuos de 30h, dentro do ideal da Universidade sem fechar as portas. Dentro dessa Universidade cidadã para os Trabalhadores está a gestão democrática que passa por eleição paritária para Reitor, que passa por um Plano Nacional de Capacitação e Qualificação que garanta ao trabalhador ampliar sua formação conciliando trabalho e estudo. Dentro ainda desse projeto o técnico administrativo em educação, visto como trabalhador da educação, é co-partícipe na formação dos estudantes, e não um mero bedel que não pensa e só executa o que os professores, detentores do saber determinam.
Por fim comentei a guisa de conclusão que todas as questões levantadas no debate se resumem a resposta das perguntas:
Quem decide para onde vai a nossa riqueza?
Quem decide o projeto de nossas Universidades e IFETs?
Quem decide o que vai na mídia?
Todas as respostas das perguntas acima tem a ver com quem tem o poder, porque todas essas decisões são atributos do poder. Então ao cabo e ao fim, a grande disputa é pela democratização do poder. É para que os trabalhadores consigam decidir também todas essas questões fundamentais para a sua vida. Por isso, todo apoio a autodeterminação da Síria, repúdio e espionagem e contra os leilões do petróleo, e principalmente, por uma universidade e IFETs cidadãos para os trabalhadores!





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